Desde a primeira edição, a MITsp assumiu impotentes papéis de conectar o Brasil com o teatro contemporâneo do mundo, incentivar o exercício do pensamento no borramento de fronteiras artísticas e de levar para o centro da cena questões urgentes sobre humanidade e a luta contra desumanidades. Neste ano, na sua quinta versão, a Mostra Internacional de Teatro de São Paulo além da vocação inicial também investe na projeção internacional de produções brasileiras, com o eixo da MITbr.
A MITsp começa nesta quinta-feira, no Auditório do Ibirapuera, com a apresentação para convidados do espetáculo Suíte n°2, do diretor francês Joris Lacoste, artista em foco dessa temporada. O espetáculo integra o projeto Enciclopédia da Palavra, iniciado em 2007. A dramaturgia é costurada a partir de uma série de textos, que vão de pesquisas médicas a cartas de amor, passando por discursos de políticos, coletados pelo autor nos últimos 11 anos.
São dez montagens com a participação de artistas de diversos países como Alemanha, Argentina, França, Polônia, Reino Unido, Suíça e Uruguai. A programação prossegue até o dia 11, que fecha com a performance A gente se vê por aqui, do brasileiro Nuno Ramos, com duração de 24 horas no Teatro Galpão do Folias
As peças são inéditas no país; todas com a ideia de chacoalhar as certezas sobre arte e vida.
O festival, que tem como diretor artístico Antônio Araújo e diretor de produção Guilherme Marques, conta neste ano com o menor orçamento desde a primeira edição. Em 2018 a MITsp foi erguida com R$ 2,1 milhões — foram R$ 2,9 milhões em 2017, R$ 3,4 milhões em 2016, e R$ 3,2 milhões em 2015.
A guerra das Malvinas (1982) deixou suas marcas insuperáveis. E é isso que a dramaturga argentina Lola Arias investiga no espetáculo Campo Minado, ao contrapor posições e lembranças de ex-combatentes argentinos e ingleses. Outra encenação que também investe nas relações entre arte, política e história é País Clandestino, que junta autores-atores-diretores de cinco países diferentes – Florencia Lindner (Uruguai), Jorge Eiro (Argentina), Lucía Miranda (Espanha), Maëlle Poesy (França) e Pedro Granato (Brasil).
A cidade síria de Palmira, saqueada e destruída pelo Estado Islâmico em 2015, é inspiração de Palmira, que embaralha realidade e ficção no espetáculo do francês Bertrand Lesca e do grego Nasi Voutsas, para discutir vingança e barbárie.
O solo Sal, da atriz e dramaturgo inglesa Selina Thompson prossegue com o debate sobre sobre racismo, colonialismo e pós-colonialismo, presente em outras edições da MITsp. A intérprete reconstrói no espetáculo a viagem que fez em um navio cargueiro em 2016, por uma das antigas rotas de comercialização de escravos, que passava por Inglaterra, Gana e Jamaica, para questionar: “Como a história e as relações coloniais permanecem em nosso cotidiano?”.
O Hamlet do dramaturgo e diretor suíço Boris Nikitin está revoltado com a plateia e com o mundo. E para traduzir sua indignação, ele conta com o suporte de um quarteto barroco para transitar entre a performance, os teatros documentário e musical.
King size, a montagem do suíço Christoph Marthaler envereda por novas possibilidades criativas do gênero musical. Com um repertório eclético, que vai desde composições de Schumann até músicas do Jackson 5, a encenação aposta na comicidade de experimentos vocais e corporais inusitados.
Árvores Abatidas, do veterano diretor polonês Krystian Lupa, é uma peças das mais aguardadas. A violência com que a realidade se imiscui no teatro ganha potência em suas obras, salientando a falta de sintonia entre o mundo da arte e o da política, com a crescente intolerância da parte mais poderosa para impor suas decisões.
Inspirada no romance homônimo do austríaco Thomas Bernhard, Árvores Abatidas ressalta a dificuldade de diálogo, o jogo de força, a precarização das condições de trabalho para o artista, e que função é essa que a arte desenvolve no século 21. Na peça, 13 atores interpretam artistas que outrora quiseram fazer a revolução do mundo. Mas as pessoas da sala de jantar, os velhos amigos, domesticaram seus ímpetos utópicos em troca de conforto, contratos e poder. Ah, o capitalismo! é muito convincente.
Para além dos espetáculos da Mostra principal e da MITbr, outros dois eixos reforçam a robustez da MITsp. São as Ações Pedagógicas, com curadoria de Maria Fernanda Vomero, com workshops e oficinas. E os Olhares Críticos, com curadoria de Luciana Romagnolli e Daniele Ávila Small, trazem potentes debates sobre censura, violência e arte no Brasil e muitas outras questões..
O Satisfeita, Yolanda? acompanha essa jornada da MITsp. Mais sobre a MITsp no blog:
http://www.satisfeitayolanda.com.br/blog/2018/03/01/o-brasil-na-mitsp/
PROGRAMAÇÃO
1º de Março
CAMPO MINADO (da Argentina, com direção de Lola Arias)
20h – Teatro Sesi SP
Cerimônia de Abertura MITsp
20h30 – Auditório Ibirapuera – Oscar Niemeyer
* para convidados
SUÍTE Nº2 (da França, com direção de Joris Lacoste)
21h – Auditório Ibirapuera – Oscar Niemeyer
*para convidados
2 de Março
Pensamento-em-Processo: AUDIOREFLEX
11h-12h – Museu da Imigração
AUDIOREFLEX (com texto e direção de José Fernando de Azevedo (Brasil), Alejandro Ahmed (Brasil), Ariel Efraiam Ashbel (Israel), Rita Natálio (Portugal) e Claudia Bosse Alemanha).
12h-14h – Museu da Imigração
PONTOS DE VISTA – Performance Pública
14h30-18h – Praça da República
ÁRVORES ABATIDAS (da Polônia, com direção de Krystian Lupa)
18h – Sesc Pinheiros
CAMPO MINADO (da Argentina, com direção de Lola Arias)
20h – Teatro Sesi SP
*Pensamento-em-Processo
SUÍTE Nº2 (da França, com direção de Joris Lacoste)
21h – Auditório Ibirapuera- Oscar Niemeyer
*Diálogos Transversais com Luz Ribeiro
3 de Março
PONTOS DE VISTA – Performance Pública
10h-13h – Praça da Sé
Pensamento-em-Processo: SUÍTE Nº2
11h – Itaú Cultural
Roda de Conversa – Des-normatividade: Possibilidades Criativas de Expressão
13h-15h – Oficina Cultural Oswald de Andrade
ÁRVORES ABATIDAS (da Polônia, com direção de Krystian Lupa)
18h – Sesc Pinheiros
CAMPO MINADO (da Argentina, com direção de Lola Arias)
20h – Teatro Sesi SP
*Diálogos Transversais com Márcio Seligmann-Silva
KING SIZE (da Suíça, com direção de Christoph Marthaler)
21h – Sesc Vila Mariana
SUÍTE Nº2 (da França, com direção de Joris Lacoste)
21h – Auditório Ibirapuera – Oscar Niemeyer
4 de Março
VOCÊ TEM UM MINUTO PARA OUVIR A PALAVRA? – Performance Pública
10h-15h30 – Av. Paulista (esquina com a Rua Teixeira da Silva) /se estiver chovendo, a atividade será realizada na Casa das Rosas
Apresentação de Experimento Cênico, resultado da Residência Textos Cotidianos em Cena, realizada por Susanne Kennedy
11h-11h30 – Goethe-Institut São Paulo
Intervenção e Mediação no Espaço Público – Conversa com Nayse López e Ana Luisa Santos
15h30-16h30 – Avenida Paulista (esquina com a Rua Teixeira da Silva) /se estiver chovendo, a atividade será realizada na Casa das Rosas
ÁRVORES ABATIDAS (da Polônia, com direção de Krystian Lupa)
17h – Sesc Pinheiros
CAMPO MINADO (da Argentina, com direção de Lola Arias)
18h – Teatro Sesi SP
KING SIZE (da Suíça, com direção de Christoph Marthaler)
18h – Sesc Vila Mariana
*Diálogos Transversais com Charles Gavin
5 de Março
Abertura Comemorativa: Daqui a 10 anos…
Prática da Crítica
14h-16h – Goethe-Institut SP
Conversa entre Joris Lacoste e Nuno Ramos
19h-21h – Itaú Cultural
PALMIRA (com texto, direção e performance de Bertrand Lesca (França) e Nasi Voutsas (Grécia)
21h – Teatro Sérgio Cardoso – Sala Paschoal Carlos Magno
6 de Março
AUDIOREFLEX (com texto e direção de José Fernando de Azevedo (Brasil), Alejandro Ahmed (Brasil), Ariel Efraiam Ashbel (Israel), Rita Natálio (Portugal) e Claudia Bosse Alemanha).
9h-17h – Museu da Imigração
Pensamento-em-Processo: KING SIZE
11h – Itaú Cultural
Masterclass com Victoria Pérez Royo
14h-16h – Itaú Cultural
CARANGUEJO OVERDRIVE – MITbr (do Brasil, Rio de Janeiro, com Aquela Cia. de Teatro. Direção: Marco André Nunes)
16h e 18h30 – Teatro Sesi SP
LEITE DERRAMADO – MITbr (do Brasil, São Paulo, com Cia. Club Noir. Direção: Roberto Alvim)
18h – Teatro João Caetano
NÓS, OS OUTROS ILESOS – MITbr (do Brasil, Direção: Carolina Mendonça)
19h e 21h – Casa do Povo
VAGA CARNE – MITbr (do Brasil. Concepção, atuação e texto: Grace Passô)
21h e 23h – Galpão do Folias
HAMLET (da Suíça, com direção de Boris Nikitin e performance de Julian Meding)
21h – Teatro FAAP
PALMIRA (com texto, direção e performance de Bertrand Lesca (França) e Nasi Voutsas (Grécia)
21h – Teatro Sérgio Cardoso – Sala Paschoal Carlos Magno
*Diálogos Transversais com Christian Dunker
KING SIZE (da Suíça, com direção de Christoph Marthaler)
21h – Sesc Vila Mariana
7 de Março
AUDIOREFLEX (com texto e direção de José Fernando de Azevedo (Brasil), Alejandro Ahmed (Brasil), Ariel Efraiam Ashbel (Israel), Rita Natálio (Portugal) e Claudia Bosse Alemanha).
9h-17h – Museu da Imigração
Pensamento-em-Processo: HAMLET
10h – Itaú Cultural
Pensamento-em-Processo: PALMIRA
11h – Itaú Cultural
Debate + Lançamento de Livros
14h-16h30 – Itaú Cultural
Mesa Redonda – O Devir Negro do Mundo + Lançamentos N-1
16h30-18h30 – Itaú Cultural
LEITE DERRAMADO – MITbr (do Brasil, São Paulo, com Cia. Club Noir. Direção: Roberto Alvim
18h – Teatro João Caetano
A EMPAREDADA DA RUA NOVA – MITbr (do Brasil, E² Cia de Teatro e Dança. Direção Geral e interpretação: Eliana de Santana)
20h e 22h – Sesc Ipiranga
HOTEL MARIANA – MITbr (do Brasil. Idealização e pesquisa: Muniz Pedrosa. Direção: Herbert Bianchi
20h – Complexo Cultural Funarte SP
HAMLET (da Suíça, com direção de Boris Nikitin e performance de Julian Meding)
21h – Teatro FAAP
*Diálogos Transversais com Marcelo Caetano
PALMIRA (com texto, direção e performance de Bertrand Lesca (França) e Nasi Voutsas (Grécia)
21h – Teatro Sérgio Cardoso – Sala Paschoal Carlos Magno
sal. (do Reino Unido, com direção de Dawn Walton e texto e performance de Selina Thompson)
21h30 – Itaú Cultural
8 de Março
AUDIOREFLEX (com texto e direção de José Fernando de Azevedo (Brasil), Alejandro Ahmed (Brasil), Ariel Efraiam Ashbel (Israel), Rita Natálio (Portugal) e Claudia Bosse Alemanha).
9h-17h – Museu da Imigração
Seminário Artes Cênicas: Desafios para Internacionalização
9h-12h – Itaú Cultural
Assembleia Geral – Democracia e Representação no Mundo Contemporâneo
10h-12h – Goethe-Institut São Paulo
Mesa-Redonda – O Mal-Estar das Mediações e o Isolamento da Arte
14h-17h – Itaú Cultural
Estreia do Filme Tribunal Congo
20h-22h – Espaço Itaú de Cinema Anexo
IMPREVISÍVEL – Ensaio aberto – MITbr (do Brasil, São Paulo, com o Núcleo de Improvisação. Concepção, Direção Artística e Preparação Corporal: Zélia Monteiro)
14h – Sede do Teatro da Vertigem
RISO – Ensaio aberto – MITbr (do Brasil, São Paulo, com o núcleo de dança key zetta e cia. Direção: Key Sawao e Ricardo Iazzetta.
15h – Sede do Teatro da Vertigem
CANTO PARA RINOCERONTES E HOMENS – MITbr (do Brasil, São Paulo. Com o Teatro do Osso. Direção de Rogério Tarifa (Cia do Tijolo e Cia São Jorge de Variedades)
17h – Galpão do Folias
HOTEL MARIANA – MITbr (do Brasil. Idealização e pesquisa: Muniz Pedrosa. Direção: Herbert Bianchi
20h – Complexo Cultural Funarte SP
DINAMARCA – MITbr (do Brasil, Pernambuco, com o Grupo Magiluth. Direção: Pedro Wagner)
21h – Centro Compartilhado de Criação
HAMLET (da Suíça, com direção de Boris Nikitin e performance de Julian Meding)
21h – Teatro FAAP
sal. (do Reino Unido, com direção de Dawn Walton e texto e performance de Selina Thompson)
21h30 – Itaú Cultural
9 de Março
AUDIOREFLEX (com texto e direção de José Fernando de Azevedo (Brasil), Alejandro Ahmed (Brasil), Ariel Efraiam Ashbel (Israel), Rita Natálio (Portugal) e Claudia Bosse Alemanha).
9h-17h – Museu da Imigração
Seminário Artes Cênicas: Desafios para Internacionalização
9h-12h – Itaú Cultural
Pensamento-em-Processo: sal.
11h – Itaú Cultural
Roda de Conversa – Intersecções entre Poéticas Não Verbais
12h30-14h – Memorial da Resistência
Mesa-Redonda – Crítica Não é Censura: De Quem é a Arte que Pode Tudo?
13h30-18h – Itaú Cultural
PROCEDIMENTO 2 PARA LUGAR NENHUM – MITbr (do Brasil, São Paulo. Concepção e direção geral: Vera Sala)
15h – Oficina Cultural Oswald de Andrade
CANTO PARA RINOCERONTES E HOMENS – MITbr (do Brasil, São Paulo. Com o Teatro do Osso. Direção de Rogério Tarifa (Cia do Tijolo e Cia São Jorge de Variedades)
17h – Galpão do Folias
DE CARNE E CONCRETO Uma Instalação Coreográfica – MITbr (do Brasil, Brasília [DF], com Anti Status Quo Companhia de Dança. Direção Artística, Dramaturgia e Conceito: Luciana Lara)
20h – Tendal da Lapa
sal. (do Reino Unido, com direção de Dawn Walton e texto e performance de Selina Thompson)
20h – Itaú Cultural
PAÍS CLANDESTINO (com direção, texto e performance de Maëlle Poesy (França), Jorge Eiro (Argentina), Lucía Miranda (Espanha), Pedro Granato (Brasil) e Florencia Lindner (Uruguai)
21h – Teatro Cacilda Becker
DNA DE DAN – MITbr (do Brasil, Curitiba. Concepção e Performance: Maikon K)
21h – Sesc Ipiranga
DINAMARCA – MITbr (do Brasil, Pernambuco, com o Grupo Magiluth. Direção: Pedro Wagner)
21h – Centro Compartilhado de Criação
10 de Março
AUDIOREFLEX (com texto e direção de José Fernando de Azevedo (Brasil), Alejandro Ahmed (Brasil), Ariel Efraiam Ashbel (Israel), Rita Natálio (Portugal) e Claudia Bosse Alemanha).
9h-17h – Museu da Imigração
Pensamento-em-Processo: PAÍS CLANDESTINO
11h – Itaú Cultural
Cena Contemporânea: Panoramas Críticos
14h-18h – Itaú Cultural
PROCEDIMENTO 2 PARA LUGAR NENHUM – MITbr (do Brasil, São Paulo. Concepção e direção geral: Vera Sala)
15h – Oficina Cultural Oswald de Andrade
DNA DE DAN – MITbr (do Brasil, Curitiba. Concepção e Performance: Maikon K)
18h – Galeria Vermelho
DE CARNE E CONCRETO Uma Instalação Coreográfica – MITbr (do Brasil, Brasília [DF], com Anti Status Quo Companhia de Dança. Direção Artística, Dramaturgia e Conceito: Luciana Lara)
20h – Tendal da Lapa
Entrevista Pública com Krystian Lupa
20h-22h – Sesc Pinheiros
sal. (do Reino Unido, com direção de Dawn Walton e texto e performance de Selina Thompson)
20h – Itaú Cultural
*Diálogos Transversais com Ana Maria Gonçalves
PAÍS CLANDESTINO (com direção, texto e performance de Maëlle Poesy (França), Jorge Eiro (Argentina), Lucía Miranda (Espanha), Pedro Granato (Brasil) e Florencia Lindner (Uruguai)
21h – Teatro Cacilda Becker
11 de Março
AUDIOREFLEX (com texto e direção de José Fernando de Azevedo (Brasil), Alejandro Ahmed (Brasil), Ariel Efraiam Ashbel (Israel), Rita Natálio (Portugal) e Claudia Bosse Alemanha).
10h-17h – Museu da Imigração
Roda de Conversa – Através das Fronteiras: Imigração, Refúgio e Arte
11h-13h30 – Oficina Cultural Oswald de Andrade
Mesa-Redonda – Amor e Ódio ao Corpo no Brasil
14h-16h30 – Avenida Paulista (esquina com a Rua Teixeira da Silva)/se chover, a atividade será realizada na Sede do Teatro da Vertigem
PAÍS CLANDESTINO (com direção, texto e performance de Maëlle Poesy (França), Jorge Eiro (Argentina), Lucía Miranda (Espanha), Pedro Granato (Brasil) e Florencia Lindner (Uruguai)
18h – Teatro Cacilda Becker
*Diálogos Transversais com André Dahmer
A GENTE SE VÊ POR AQUI (do Brasil, com direção de Nuno Ramos)
de 21h do dia 11/3 às 21h do dia 12/3 – Galpão do Folias