O que é o mundo real e o virtual para os seres contemporâneos? Essas coisas produzidas pelo capitalismo interligam humanos, maquinas e os confundem. “O corpo é uma máquina; o trabalhador, um maquinista”, abalizava Vsevolod Meyerhold. Em Kafka, Por una literatura menor, Gilles Deleuze e Félix Guattari atestam: “O maquinista é parte da máquina, não somente durante sua atividade como maquinista, como também depois”. Essas citações estão carregadas de conceitos complexos, transpassadas por questões do capitalismo e suas ações de disciplinamento e relação poder versus resistência.
Na performance manifesto Diafragma dispositivo versão beta, do Coletivo Mazdita, a bailarina e performer Flavia Pinheiro utiliza objetos analógicos, como uma televisão antiga, uma vitrola, um projetor de slides para destacar a obsolescência programada no capitalismo. A limitação da vida útil atinge o corpo e a própria existência. O espetáculo está em cartaz de hoje a 14 de abril, às quartas e quintas-feiras, às 20h, no Edf Texas, na proposta “pague quanto puder”.
Confira a crítica sobre o espetáculo.
Ao hackear o corpo, a performer Flavia Pinheiro interage com diferentes artefatos, criando reposicionamentos no jogo. Ao mesmo tempo em que amplifica a obsolescência programada desses objetos que mal funcionam, estremece o estatuto da verdade das ofensivas do capitalismo.
Ao lado do argentino Leandro Olívan, a performer investiga a constituição de sujeitos, produção de subjetividade, as relações transversais de corpos e biopolítica sociais. Para isso emprega alguns princípios de Gerald Raunig, Michael de Certeau, Vilém Flusser, Gilles Deleuze.
Ficha técnica:
Produção: Coletivo Mazdita
Performer/Direção: Flavia Pinheiro
Objetos e ruido: Leandro Oliván
Serviço:
Diafragma Dispositivo Versão Beta
Onde: Edf Texas (Rua Rosário da Boa Vista 163)
Quando: 6,7,13, 14 de abril, quartas e quintas-feiras às 20h
Quanto: Pague quanto puder
Duração: 40 minutos