A vida segue, com ou sem música pop

Guilherme Weber e Natália Lage estão no elenco

A vida sempre continua. Mesmo depois de chorarmos os nossos mortos, de passarmos dias e meses curando o luto, ou remoendo os tempos vividos de comunhão. É o que martela no final de três horas de duração a peça Trilhas sonoras de amor perdidas. Dirigida pelo Felipe Hirsch e com Guilherme Weber e Natália Lage no elenco, a montagem teve pré-estreia nacional ontem, no Teatro Bom Jesus, dentro da programação do Festival de Teatro de Curitiba. Como entrega o título, o espetáculo é uma junção de músicas e relacionamentos amorosos. São quase 90 canções, que repassam boa parte da história da música pop.

O protagonista exibe uma cultura pop invejável, no seu passeio nostálgico em busca de um acerto de contas com o passado. E com a memória dessa mulher que amou, que conheceu ouvindo Velvet Undergroud e com quem compartilhou a paixão por várias bandas.

Guilherme Weber é um apaixonado por música pop

O release diz que Trilhas sonoras de amor perdidas é uma criação da Sutil Companhia sobre as histórias de Thurston Moore, Kim Gordon, Lee Ranaldo, Steve Shelley, Dean Wareham, Dan Graham, John Zorn, Jim O’Rourke, Elizabeth Peyton, Arthur Jones, Jason Bitner, Rob Sheffield, Raymond Pettitbon, Greil Marcus, David Shields, Lou Reed, Giles Smith, amigos próximos e outros diversos relatos. Enfim, alguém apaixonado por música pop. E haja paixão.

Natália Lage é Soninho

É a história do encontro entre dois jovens que se apaixonam. O diálogo deles é feito de música, suas conversas são sobre música e para cada momento tinha uma trilha sonora especial. Gravaram muitas fitas cassetes (os mais jovens não vão saber o que é isso) como necessidade de criar seu próprio repertório. Depois de cinco anos de casados, ela morre. Ele fica. E já com todos os avanços da tecnologia, os playlists, ele vai rememorando o tempo dividido com sua amada e desentocando as músicas que marcaram a trajetória juntos.

Como qualquer casal, eles brigam por bobagens. Ele exalta as qualidades da moça e seu amor por ela – que beira o brega, com música pop ou não.

Um apelo extra para o público da capital paranaense é que o herói dessa história revela locais especiais para eles, tendo com referência a Curitiba de um passado não tão remoto.
O Teatro Bom Jesus estava superlotado no início do espetáculo. Algumas pessoas foram embora no intervalo. Não se identificaram com a proposta ou acharam o espetáculo muito longo. Muitas pessoas se emocionaram de verdade. A peça foi ovacionada no final.

A direção é de Felipe Hirsch

A mim, a peça não tocou. Apesar de ser uma história triste e de eu sempre ficar tocada com as histórias tristes. Há uns diálogos inteligentes, cheios de humor, engraçados, alguns pedantes com tantas citações, mas podemos também interpretar e até agradecer como uma aula de pop. O cenário conduz o espectador para aquele ar melancólico do protagonista. A iluminação contribui com esfumaçados dos ambientes de rock ou para a tristeza da recordação.

Ah..o texto é de Ivana Moura!

Fotos: Ivana Moura

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2 pensou em “A vida segue, com ou sem música pop

  1. Rodrigo Dourado

    Alguma semelhança com “A vida é cheia de som e fúria”, dos mesmos Hirsch e Weber? Pela descrição de vcs e pelas imagens, achei que sim. Fiquei curioso.

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  2. Paula de Renor

    A peça me tocou muito, fiquei emocionada em vários momentos, apesar das 3 horas de duração. Concordo que foi proposital esse tempo,mas passaria muito bem com 2 h. O Guilherme Weber é maravilhoso! Uma pena que durante todos os anos vividos pelos personagens, eles não tenham se identificado com nenhuma música brasileira!

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