Prêmio de fomento ainda sem pagamento

Antes pouco do que nada. Mesmo que os artistas recifenses sempre tenham brigado por um aumento no valor do Prêmio de Fomento às Artes Cênicas da Prefeitura do Recife, era assim que a categoria encarava a verba de R$ 100 mil concedida anualmente pelo órgão a cinco propostas de montagem de espetáculo. O valor é dividido por cinco projetos, ou seja, R$ 20 mil para cada projeto. O problema é que nem o compromisso do ‘pouco’, a PCR tem honrado.

O resultado do prêmio foi divulgado no mês de março do ano passado e, até agora, nenhum dos contemplados recebeu o seu prêmio. O ator Tatto Medinni, por exemplo, é um dos que teve o projeto, intitulado Jr., aprovado. ´Nós já tínhamos até data para estrear. Seria no dia 15 de outubro. Tinha agendado pauta no Espaço Muda, mas tive que desmarcar`, explica. O espetáculo seria uma parceria entre Medinni e Jorge de Paula. Os dois estariam em cena e assinariam a direção. O texto foi escrito por Marcelino Freire para Tatto Medinni.´O projeto trata sobre o conceito de fronteira. Nas funções mais técnicas, como cenário, figurino, luz, iríamos trabalhar com pessoas que não são do teatro, mas sem dinheiro não deu para prosseguir`, lamenta.

Ana Elizabeth Japiá ainda está pagando o empréstimo que fez para saldar dívidas adquiridas durante o processo de montagem e temporada do espetáculo infantil Minha cidade. ´Nós estreamos, mas fica o constrangimento de adiar pagamentos. É muita burocracia, desorganização e desinformação. Depois eles cobram qualidade, como foi na programação dos 160 anos do Santa Isabel, que não agregou nenhuma montagem daqui`. A peça deveria entrar em cartaz novamente, mas a incerteza com relação à liberação do fomento adiou os planos. ´É um desrespeito, desde o próprio secretário de Cultura, Renato L, que é desconectado do fazer teatral`, critica.

A peça Um rito de mães, rosas e sangue, que tem dez pessoas no elenco, também já estreou. ´Acabei pagando muitas coisas do meu próprio bolso, principalmente da parte técnica`, explica o diretor Claudio Lira. ´Acho lamentável. Cultura não é só carnaval, maracatu. Teatro tem que ser contemplado. Sentimos o desprezo nas políticas públicas`, finaliza Lira.

Promessa – Ao ser procurada pela reportagem do Diario, a Secretaria de Cultura deu um prazo para a liberação do pagamento. ´É a primeira vez que o prêmio de Fomento às Artes Cênicas será pago pelo Fundo Municipal de Cultura (antes era pago pela própria Secretaria) e isso gerou alguns entraves burocráticos que já estão sendo solucionados. Dentro de, no máximo, dez dias o pagamento da premiação será efetuado`, diz a nota. (Matéria minha publicada na edição desta quinta-feira (10), no Diario de Pernambuco)

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4 pensou em “Prêmio de fomento ainda sem pagamento

  1. ADEH

    GRACIOSAMENTE SE TEM COMPETÊNCIA PARA ELABORAR EDITAIS COM TANTAS EXIGÊNCIAS, PORÉM NA HORA DE PAGAR A CONTA, COLOCAM A CULPA NA BUROCRACIA. COMO SEMPRE, A “CULPA” É A MOÇA FEIA DO BAILE. NINGUÉM A CONVIDA PARA DANÇAR , E QDO ELA SE OFERECE UM PASSA PARA O OUTRO. POBRE MENINA ESSA BUROCRACIA!

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  2. Ana Elizabeth Japiá

    Quando o “bolo” da Prefeitura do Recife no pagamento da verba do Fomento faz “aniversário”, nós, contemplados, que já tentamos nos organizar, sem êxito, na reivindicação de nossos direitos, recebemos um “presente” do Satisfeita Yolanda? com essa matéria (tb publicada no DP), que tão bem representa nossa voz.
    Obrigada, meninas!!!
    Ana Elizabeth Japiá

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  3. Edivane Bactista

    O problema é que os gestores públicos ainda não entenderam que o Teatro é um dos segmentos + fortes da tão falada indústria cultural brasileira. Eles precisam entender que os artistas pernambucanos tiveram que se preparar para trabalhar com os instrumentos disponibilizados por esta indústria. Portanto, cabe agora, as instâncias governamentais agilizarem os processos burocráticos e capacitarem os técnicos para saberem trabalhar no momento atual.
    Outra coisa: – Artista de teatro sabe o que é dinheiro. Então, o valor do Prêmio de Fomento para as Artes Cênicas é uma vergonha! Tem que ser revisto urgentement!

    Montar um espetáculo, nos dias atuais, com menos de R$20 mil é complicado.

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