Ao que parece, houve um verdadeiro tour de force para que a 15ª edição do Festival Recife do Teatro Nacional fosse realizada. Afinal, André Brasileiro e Simone Figueiredo assumiram a Fundação de Cultura Cidade do Recife e a Secretaria de Cultura do Recife, respectivamente, quase no fim do primeiro semestre. E programar um festival nacional em poucos meses não é uma tarefa nada fácil; mas era mesmo questão de honra. Afinal, tanto André quanto Simone são das artes cênicas. “Houve realmente um empenho pessoal. Não é confortável para mim ou para André assumirmos a coordenação do festival, com tantas outras coisas, mas havia uma responsabilidade com a cidade, com vocês, com o governo. Eu fui ao prefeito e me comprometi com ele de fazer uma coisa que atendesse à cidade e que não tivesse alguns desgates que aconteceram ano passado”, explicou Simone Figueiredo.
“O festival está sendo uma ação integrada, contando com todo mundo de artes cênicas, porque entendemos que era um momento importante”, disse Brasileiro, ao ser questionado pela ausência de Vavá Schön-Paulino na coordenação do festival, já que ano passado essa função foi dele – e agora os coordenadores são os próprios André Brasileiro e Simone Figueiredo.
Além desse, foram muitos questionamentos difíceis, mas fundamentais: qual foi o proceder da gestão com Valmir Santos, ex-curador; qual a participação de Kil Abreu (curador do festival por três anos) na curadoria; as dívidas do festival; o Teatro do Parque; a escolha dos críticos e até a escolha do local para a coletiva – que geralmente acontecia no Teatro Hermilo Borba Filho ou no Salão Nobre do Santa Isabel. “Foi para mudar o cenário, bebê”, brincou André Brasileiro. Segundo Simone, estão sendo feitas melhorias no Hermilo Borba Filho e, por isso, não seria confortável realizar a coletiva lá.
Sobre o pagamento de quem será contratado neste festival, Simone também conseguiu arrancar as gargalhadas do auditório: “serão pagos até o dia 31 de dezembro, até porque se não eu e André somos presos, porque existe uma coisa que é a Lei de Responsabilidade Fiscal”. Ela disse que tanto ela quanto André vão “apagar as luzes da Prefeitura no dia 31”, já que trabalham na realização do Reveillón. “Não poderíamos realizar um festival com pendências relativas ao ano passado e ainda ao ano anterior. Isso foi sanado e ainda realizamos outras ações, como apoiar o Recife Palco Brasil. Os grupos que circularam este ano nos festivais através do Palco Brasil, tiveram as passagens pagas pela Prefeitura do Recife”, disse Brasileiro.
Espirituoso como sempre, André também brincou quando questionamos sobre o programa do festival – já que ano passado quando o tal livrinho veio ficar pronto, o festival já estava acabando – “No dia da abertura. Te entrego na porta, bebê”. “Olhe que ela vai cobrar”, avisou alguém.
Sobre o Teatro do Parque, André e Simone explicaram que há 12 projetos complementares em fase de licitação na URB (Empresa de Urbanização do Recife). São projetos que tratariam da acessibilidade, mudança hidráulica, climatização, sala de ensaios e outros quesitos. “O Teatro do Parque vai se organizar para comemorar os cem anos dele, em 2015”, avisou André. “A gente sabe como foi difícil o tempo em que o Santa Isabel ficou fechado para a reforma, mas agora, como ele tem funcionado bem para a população”, complementou. “Foi pouco divulgado, mas agora o Teatro do Parque é um Imóvel Especial de Preservação, o que é muito importante, já que garante que ninguém vai modificar a estrutura, a arquitetura”, explicou Simone.
Programação – Lúcia Machado, a curadora, estava empolgadíssima. Brincou e quase esqueceu (mas lembrou rápido!) que jornalistas normalmente dão um jeito de não achar tudo lindo! Mas fato é que a programação vai trazer ao Recife grupos e montagens bastante interessantes e que a formação precisava de uma atenção especial – agora resta saber como os artistas vão responder às atividades formativas. (Confira a programação de atividades especiais)
Para o público, montagens como Gonzagão – A lenda e a participação de João Falcão pela primeira vez nesses 15 anos de festival; Estamira, com Dani Barros; Senhorita Julia, com direção de Christiane Jatahy; Absurdo, com o grupo Atores de Laura; a Companhia Brasileira de Teatro com Isso te interessa?, a estreia do espetáculo do grupo Bagaceira de Teatro: A mão na face. E os pernambucanos, como Viúva, porém honesta, que lotou o Santa Isabel na abertura do festival A letra e a voz; Olivier e Lili: uma história de amor em 900 frases, que fez uma temporada lotada no Hermilo; e Duas mulheres em preto e branco, com direção de Moacir Chaves. (confira a programação completa de espetáculos do festival).
“Não deixem de falar da homenagem a Jomard Muniz de Britto e da sua língua dos três PPPês”, avisou Lúcia. Pode deixar, bebê. Foram o conteúdo político, a poesia e a pedagogia que, segundo ela, encaminharam a construção deste festival. O homenageado é Marcus Siqueira.
####### E vocês??? O que acharam da programação do festival? Como acham que deve ser a cobertura do Yolanda nestes dias de festival? O que vocês querem ler? Aguardamos comentários pra que a gente possa sempre servir como uma espaço de diálogo para as artes cênicas! Começando pela coletiva, já que fizemos todas as perguntas que achamos que a classe queria saber, mas que talvez não tivesse oportunidade de perguntar… 🙂
Impecável essa programação…estou aqui sonhando com o dia 21 de novembro para cair de boca na programação da 15ª edição do Festival Recife do Teatro Nacional…é uma honra estar em meio a tanta gente boa. Parabenizo os esforços dos envolvidos para em questão de meses estruturar esse festival…Recife aqui vou eu…
Arrasaram, bebês.