A história de terror Frankenstein, que já foi adaptada inúmeras vezes para o teatro, televisão, cinema e quadrinhos, da escritora britânica Mary Shelley, é mais uma vez levada aos palcos. Desta vez, pela Cia. Polichinello, especializada em teatro de bonecos. “Brincamos com essa ideia de que Frankenstein era um livro de terror. Isso era lá em 1818, mas hoje é muito mais um drama. A história é sobre uma criatura que é abandonada, sofre preconceito e, de repente, fica perigosa. Mas quem de nós nunca foi monstrinho em algum momento?”, questiona o diretor Márcio Pontes.
Na versão da companhia paulista fundada em 1997, a história virou uma mistura de aventura, drama e terror. “Como é principalmente para as crianças, a partir dos seis anos, nós tiramos as mortes. E nos prendemos muito mais ao livro do que às versões cinematográficas famosas. É um espetáculo de ‘terror’, mas não existe nada agressivo, pelo contrário”, complementa. O grupo faz duas apresentações dentro do festival Palco Giratório: hoje e amanhã, às 16h30, no Teatro Marco Camarotti, no Sesc Santo Amaro.
Para esse espetáculo, a Cia. Polichinello usa bonecos de manipulação direta, sem o uso da vara. Então, as mãos do ator funcionam como as mãos do próprio boneco. Em cena, estão Betto Marx, Márcio Pontes, Ricardo Dimas e Carolina Jorge. A encenação não é realista. Não há, por exemplo, diálogos “compreensíveis”. “Os bonecos se expressam muito mais pelo som. Claro que tem um roteiro, mas que prima muito mais pela ação. Pelos gestos e ações as pessoas compreendem. Além disso, temos também uma projeção com alguns textos e a voz de um narrador, bem grossa, que remete às histórias de terror”, explica o diretor.
Pernambuco será o oitavo estado a receber o espetáculo dentro do festival Palco Giratório. Ao todo, o grupo vai circular por 18 estados. Na última quinta-feira, por exemplo, os atores apresentaram a montagem em Porto Alegre. “O espetáculo fica sempre aquecido, os atores estão mais envolvidos, a sensibilidade aflorada”, conta Pontes. “É porque no teatro de bonecos, se você fica muito tempo sem encenar, sem pegar no boneco, quando você volta a lidar com ele, ele parece um corpo estranho. E agora não, estamos com intimidade com os bonecos, então os movimentos são melhores, a montagem é melhor”.
O grupo, que tem sede em Araraquara, interior de São Paulo, decidiu que seguiria pela linguagem do teatro de bonecos em 2001. De lá para cá, já são nove espetáculos no repertório, sendo dois adultos. Esta é a primeira vez que a Cia. Polichinello vem ao Recife. Os ingressos para a apresentação custam R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada).