Como já disse Lygia Clark, a arte é uma reserva ecológica das espécies invisíveis que habitam nosso corpo-bicho. Uma nascente inesgotável para os enfrentamentos.
Desde o começo da pandemia da Covid-19, os artistas foram forjados a se reinventar, criar outras possibilidades de existência. O projeto Travessias – Como Permanecemos Vivas? (primeiro Palco Virtual de Cênicas de 2022, do Itaú Cultural) investiga como as linguagens artísticas operaram como instrumento de cura do indivíduo e da sociedade durante a pandemia. A cura vista de forma ampla, como força de transformação e autoconhecimento, ressignifição, comunicação, empatia, expressão e imaginação.
O programa Travessias bate o tambor para questões bem urgentes, sobre a sobrevivência cultural durante a pandemia, numa pauta híbrida e multifacetada. Nos dias 22 e 23, e 29 e 30 (sábados e domingos), oito artistas de diferentes linguagens apresentam performances híbridas – entre gravações e momentos ao vivo – sobre como a arte revitalizou e transformou os artistas nos últimos anos. São eles: o artista visual Denilson Baniwa (AM), a artista da dança Lu Favoreto (PR/SP), a cantora Filipe Catto (RS), o autor João Silvério Trevisan (SP), o artista da dança Eduardo O. (BA), a dramaturga Onisajé (BA), a artista Marta Aurélia e a indígena multiartista Zahy Guajajara (MA). A transmissão é on-line é realizada em dois finais de semana, com performances e trocas ao vivo
O evento idealizado pelo ator, produtor e diretor Aury Porto e realizado pelo IC é gratuito, transmitido pela plataforma Duas performances são exibidas por dia, seguidas de uma conversa entre artistas e plateia. Os bate-papos são mediados pela dramaturga e psicanalista Cláudia Barral e por Aury Porto. Os ingressos devem ser reservados pela Sympla. Mais informações no site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br.
Denilson Baniwa é um artista amazonense, de Mariuá, Rio Negro, que desbravou caminhos para o protagonismo dos indígenas no território nacional. Artista antropófago, Denilson Baniwa apropria-se de linguagens ocidentais para descolonizá-las em sua obra. Lu Favoreto, artista da dança paranaense radicada em São Paulo, onde dirige a Cia. Oito Nova Dança. Atua como intérprete, coreógrafa, professora e orientadora corporal nas artes cênicas. O trabalho de cada um dos artista abre a programação no dia 22 (sábado), às 20h.
A cantora gaúcha Filipe Catto e a dramaturga baiana Onisajé são as convidadas do domingo, 23, às 19h. “Os conservadores estão tapando o sol com a peneira. Continuaremos aqui. Continuaremos nascendo e vivendo e criando. A sensibilidade das pessoas LGBTQIA+ sempre foi o que moveu o mundo das artes.”, já disse Catto em entrevista, ela que é uma artista trans não binária, compositora, artista visual, performer, produtora musical e designer que trabalha um cruzamento entre música e imagem.
Fernanda Júlia Onisajé só nasceu carioca mas é baiana por opção, encenadora-fundadora do Núcleo Afro-brasileiro de Teatro de Alagoinhas (NATA). Mestre e doutora em Artes Cênicas pelo Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas (PPGAC) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Onisajé é dramaturga e pesquisadora das religiões de matrizes afro-brasileiras com foco nas religiões de matriz africana.
O cruzo da segunda semana do Travessias (sábado, 29, a partir das 20h) reúne performances do artista baiano da dança e do teatro Eduardo O. e do romancista, contista, ensaísta, roteirista, diretor de cinema e dramaturgo João Silvério Trevisan, de São Paulo. Edu O. dirige o Grupo X de Improvisação em Dança e é co-fundador do Coletivo Carrinho de Mão. Trevisan é autor de vários livros, entre eles A idade de ouro do Brasil e Devassos no Paraíso – este, um estudo pioneiro sobre a homoafetividade no Brasil.
A cantora cearense Marta Aurélia e da multiartista maranhense Zahy Guajajara fecham a programação no dia 30. Marta Aurélia estuda a relação estreita entre vida e arte. Zahy compartilha os conhecimentos ancestrais, adquiridos em uma trajetória iniciada na aldeia Colônia, que fica na reserva indígena Cana Brava, onde nasceu.
SERVIÇO:
Palco Virtual – Cênicas
Travessias – Como Permanecemos Vivas?
22 de janeiro (sábado) às 20h
Denilson Baniwa e Lu Favoreto
23 de janeiro (domingo) às 19h
Filipe Catto e Onisajé
29 de janeiro (sábado) às 20h
Edu O. e João Silvério Trevisan
30 de janeiro (domingo) às 19h
Marta Aurélia + Zahy Guajajara
Itaú Cultural: www.itaucultural.org.br