Gosto da autoironia de Henrique Celibi. Diante de um cenário em que os artistas são tão autocomplacentes com seus limites é uma pequena mina encarar um artista irreverente, que desacata os acordos silenciosos da troca de elogios. Insolente, ele expõe as pequenas máculas de caráter do recifense com um pertinente senso de humor. Autor do fenômeno teatral Cinderela – a história que sua mãe não contou, Celibi escreveu outras pequenas histórias, algumas inspiradas nos contos infantis, deslocadas para a periferia da Região Metropolitana do Recife. Sempre com personagens aloprados.
Na peça As perucas de Bibi, ele explora a rivalidade entre cabeleireiras que trabalham no meu salão de beleza. Amigas, ma non tropo, as penteadoras são tietes de duas artistas diferentes. E elas defendem suas divas como os cafuçus torcem pelos times de futebol, com devoção. Para apimentar a encrenca, ocorrem dois assassinatos e um homem de farda aparece para investigar. Mas é tudo na base do escracho.
Escrita em 1993, para a Trupe que Vier eu Traço, da qual Celibi fazia parte na época que morou no Rio de Janeiro, a montagem teve uma única apresentação no Festival Carioca de Novos Talentos. No Recife foi encenada por Jaison Wallace (a eterna Cinderela) e fez apenas 10 apresentações numa casa de shows no subúrbio da cidade.
Léo Albuquerque, Renê Ribeiro, Ítalo Lima e Sharlene Esse, além de Celibi (que também dirige o espetáculo) estão no elenco de As Perucas de Bibi e formam o Grupo Tattoo, que no ano passado remontou Cinderela, a bicha Burralheira.
Serviço
Espetáculo As perucas de Bibi
Quando: 14, 15, 16, 21, 22 e 23 de abril. Sextas e sábados, às 19h, e domingos, às 18h.
Onde: Teatro Apolo (Rua do Apolo, 121, Bairro do Recife)
Quanto: R$ 30 e R$ 15 (meia). Nos dias 14, 14 e 16, meia entrada para todos.
Informações: 3355-3320.