Monstruosidades do cotidiano

Ator e dramaturgo Neto Foto: Mylena Sousa

Ator e dramaturgo José Neto Barbosa. Foto: Mylena Sousa

A Mulher Monstro é novo espetáculo de José Neto Barbosa. A peça é inspirada nas suas memórias da figura de “Mulher Monga” dos parques e circos nordestinos para mostrar as várias facetas da discriminação. Ele também foi buscar fôlego em Caio Fernando Abreu, no conto Creme de Alface. A encenação expõe as monstruosidades verbais e físicas no cotidiano do atual momento sociopolítico do Brasil. “O ódio se mostra sem embaraço, principalmente nas opiniões das redes sociais, das ruas e nas lamentáveis posturas de figuras públicas”, observa o ator dramaturgo.

A S.E.M. Cia de Teatro promoveu leituras dramáticas, apresentações e bate-papo sobre arte militância com representantes de ONGs e movimentos sociais em Pernambuco e também no Rio Grande do Norte, para afinar os discursos artísticos e políticos da montagem,

A peça faz duas apresentações no Teatro Arraial Ariano Suassuna nos dias 23 e 24 de setembro, sexta-feira e sábado, às 20h, com ingressos a preços populares.

A mulher monstro. foto: Jorge Almeida

A mulher monstro. Foto: Jorge Almeida

“O que me aterroriza neste conto de 1975 é a sua atualidade. Com a censura da época, seria impossível publicá-lo. Depois, cada vez que o relia, acabava por rejeitá-lo com um arrepio de repulsa pela sua absoluta violência. Assim, durante vinte anos, escondi até de mim mesmo a personagem dessa mulher-monstro fabricada pelas grandes cidades. Não é exatamente uma boa sensação, hoje, perceber que as cidades ficaram ainda piores, e pessoas assim ainda mais comuns.” Explica Caio Fernando Abreu na nota introdutória do conto Creme de Alface, publicado no livro Ovelhas Negras, composto de textos rejeitados pelo autor entre os anos de 1962 a 1995.

No conto de Abreu, uma mulher anda pelas ruas com o propósito de pagar alguns crediários. Mas passa a indagar sobre os fatos do cotidiano e o redemoinho em que vive. Tenta tirar uma folga. O espaço urbano ficcionalizado chama a atenção para dois pontos:  o consumismo e a fragilidade dos laços humanos.

A intolerância da qual falava o escritor foi enraizada na sociedade. O espetáculo busca amplificar no palco as perversidades dos brasileiros, em expressões e atitudes que denunciam o preconceito e os argumentos segregacionistas, antidemocráticos, radicalistas e fundamentalistas.

FICHA TÉCNICA
Dramaturgia, encenação e atuação: José Neto Barbosa
Iluminação: Sergio Gurgel Filho e José Neto Barbosa
Maquiagem: Diógenes e José Neto Barbosa
Cenografia e figurino: José Neto Barbosa
Assistência de cenografia: Anderson Oliveira e Diego Alves
Sonoplastia: Diógenes, Mylena Sousa e José Neto Barbosa
Registro: Mylena Sousa
Produção: S.E.M. Cia de Teatro (Sentimento, Estéticas e Movimento)
Classificação indicativa: 16 anos
Duração: aprox 60 minutos, mais bate-papo com a plateia.

SERVIÇO:
A Mulher Monstro, de José Neto Barbosa
Quando: 23 e 24 de setembro de 2016, sexta-feira e sábado, às 20h
Onde: Teatro Arraial Ariano Suassuna (R. da Aurora, 457 – Boa Vista, Recife
Telefones: 81 99599-8987 (produção) | 81 3184-3057 (Teatro)
Ingressos: R$ 20,00 inteira | R$ 10,00 meia
Vendas antecipadas: www.eventick.com.br/amulhermonstroarraial

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