“Eita Teatro do Parque…obrigado pela oportunidade de ter assistido boas peças de teatro e ter sido a casa de saudosos festivais. Obrigado por ter me recebido no seu palco quando ainda verde eu fazia Lisandro de Sonho de uma noite de verão. Obrigado por ter me oferecido aquele ingresso baratinho pra assistir O céu de Suely, Deserto feliz, Bastardos inglórios, entre outros. Obrigado por ter me oferecido a sua cabine de luz pra aprender como se operava aquela mesa. Obrigado, tá? E desculpa esse povo que não sabe cuidar de você. É que talvez eles nunca assistiram nada lá pra poder criar esse carinho… ou, talvez, até já foram lá, mas esse povo não tem carinho por ninguém, ou melhor, só pela grama da calçada do prédio dele! Mas vai passar. Um dia você vai estar brilhando de novo”
Giordano Castro, ator do grupo Magiluth
“A minha formação cultural passou pelo Teatro do Parque. Na Boa Vista, onde hoje só vemos lixo, dependentes de craque e abandono, pulsava um circuito que interligava a Livraria Livro 7, Cinema Veneza e o Teatro do Parque. Em frente à casa de espetáculos, bares simples, mas sem lixo! Havia como você chegar cedo, comprar seu ingresso e dar um tempo por ali. Foi no Teatro do Parque onde conheci Akira Kurosawa. Assisti a todos seus filmes! Ali também assisti inúmeros shows de músicos consagrados da MPB, como Angela Ro Ro, no querido Projeto Seis e Meia! Quantas vezes não saí correndo da universidade para assistir aos shows e depois íamos caminhando pela cidade com uma alegria imensa no peito. Não tinha porque ser diferente, afinal, ainda era cedo e o bairro era frequentado por boêmios e nada mais. O Projeto Seis e Meia era mensal e sempre tinha um artista local que abria os shows. Fora os tantos espetáculos adultos e infantis, locais e nacionais que também assisti ali. O ecletismo e a alta qualidade da programação do Teatro do Parque estavam sempre alinhados a um baixo custo. Isso era maravilhoso: ali se encontravam intelectuais, estudantes, políticos, pipoqueiros, o povo – independente de classe social – frequentava o espaço. Era maravilhoso frequentar o Teatro do Parque, como é maravilhoso o espaço em si, sua arquitetura que, além de bela, é muito acolhedora porque é um teatro com varandas, parece quintal de casa de infância. Hoje confesso: dá um aperto no peito, especialmente hoje, fico com os olhos marejados escrevendo isso porque o que tento descrever nessas linhas não traduz o quanto, por décadas, esse teatro contribuiu na formação de pessoas tão diferentes da nossa cidade. É com os olhos marejados que grito essas memórias, na esperança de despertar a sensibilidade dos governantes, para não deixar que aquela casa tão cheia de vida vire mais um prêmio desta corrida imobiliária desenfreada, que só descaracteriza nossa cidade! Um grito, para que os tão talentosos jovens artistas desta cidade possam ter mais um espaço de estudo e trabalho! Um grito que clama para que se devolva a vida ao centro da cidade!!! Vida ao Teatro do Parque”
Márcia Cruz, atriz e arte-educadora da Cia Maravilhas
“Desde 2010 a reabertura do Teatro do Parque vem sendo prometida para ‘o ano que vem’. Pelo andar da carruagem, fica difícil acreditar que em 2016 volte a funcionar. Se iniciada hoje, uma readequação digital consumiria no mínimo dois anos. Mas datas não importam, desde que o processo de restauro seja conduzido de forma séria e comprometida, trazendo de volta este espaço essencial para a cultura pernambucana e uma das mais antigas e importantes salas de cinema do Brasil. É importante também lembrar que 2015 marca os 40 anos de criação e imediato abandono da filmoteca Alberto Cavalcanti, que deveria funcionar no Parque”.
André Dib, jornalista e crítico de cinema
“Parece que culpar o passado é mais interessante do que resolver a questão. Ao invés da gestão municipal atual ficar remoendo a história de que ‘a culpa é da gestão passada’, seria interessante mostrar que está empenhada em fazer diferente. No entanto, a situação do Teatro do Parque só piora. No próximo ano teremos eleições municipais. E aí? Será que somente lá teremos alguma promessa ‘de campanha’? Lamentável!”
Karla Martins, atriz, produtora e mestranda em Artes Cênicas
“Saudades de um tempo que minha mãe me levava ao Teatro do Parque. Na foto é possível ver que me sinto um herói ao lado do caçador da peça Chapeuzinho Vermelho. Essa foi uma entre tantas peças que assisti nesse teatro que sinto saudades e me traz lembranças de um tempo que não volta mais”.
Danilo Ribeiro, leitor do Satisfeita, Yolanda?