Arquivo mensais:setembro 2016

Orquestra de brinquedos toca clássicos

Luis S/Clicsboa / Divulgação

Orquestra portuguesa faz turnê no Brasil. Luis S/Clicsboa / Divulgação

Fontes sonoras não convencionais que postas em vibração, seja por concussão, raspagem, fricção, agitação ou deslocamento de ar, produzem som, são exploradas pela Orquestra dos Brinquedos de Lisboa num espetáculo diferente e colorido. O grupo estreou no Brasil no palco do Cineteatro São Luiz, em Fortaleza, em 21 de agosto, seguiu por São Paulo e neste 7 de setembro chega ao Recife,  para um concerto no Teatro de Santa Isabel, totalizando mais de 20 apresentações no país.

O concerto tem duração prevista de 1h20 e é dividido em duas partes. Na primeira, os músicos apresentam repertório para percussão corporal, no qual utilizam copos e tubos de plástico, bem como outros materiais surpreendentes. A segunda, mais satírica, é formada por uma coletânea orquestral interpretada por meio de instrumentos de plástico e brinquedos.

Os músicos com seus peculiares instrumentos executam obras do compositor português Jorge Salgueiro, Tchaikovsky, Beethoven, Mozart, Bach e Monteverdi, sob a direção de Miguel Pernes, maestro e diretor artístico e pedagógico do grupo.

Nessa turnê, três músicos brasileiros estão no elenco como convidados, dois deles são pernambucanos: Lucas de Santana (2ª escaleta e flauta doce de plástico) e Nelson Brederode (2ª escaleta e ukelele). Além de Carla Ruaro (1ª escaleta), de Porto Alegre.

A proposta é incentivar os pequenos e “brincar” com as potencialidades dos diversos instrumentos com clássicos e divertir a plateia. A orquestra foi criada em 2014 pela Foco Musical, uma organização portuguesa voltada para o domínio da pedagogia musical.

Serviço
Orquestra dos Brinquedos de Lisboa
Quando: Nesta quarta-feira (7), 18h30
Onde: Teatro de Santa Isabel – Praça da República, s/n
Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia)
À venda na bilheteria do teatro

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Agenda de SETEMBRO – 2ª semana

ESPECIAL

4XBIBI

Espetáculo celebra o Jubileu de Diamante da intérprete. Foto: Divulgação

Espetáculo celebra o Jubileu de Diamante da intérprete. Foto: Divulgação

O espetáculo inédito comemora os 75 anos de carreira da multiartista Bibi Ferreira. No palco, a diva se apresenta acompanhada por banda e sob a regência do maestro Flávio Mendes. No repertório, canções de Amália Rodrigues, Carlos Gardel, Frank Sinatra e Edith Piaf. Entre uma música e outra, Bibi revela curiosidades sobre os bastidores das produções. As duas apresentações ocorrem nos dias 9 e 10 de setembro, no Teatro RioMar, numa produção local da Art Rec Produções. Ingressos a partir de R$ 110.
SERVIÇO
4XBIBI
Quando: 9 de setembro (sexta), às 21h; 10 de setembro (sábado), às 21h
Onde: Teatro RioMar Recife: Av. República do Líbano, 251, 4º piso –RioMar Shopping
Informações: (81) 4003.1212
Duração: 70 minutos
Classificação etária: livre
INGRESSOS Balcão Nobre: R$ 220 (inteira) e R$ 110 (meia) Plateia alta: R$ 240 (inteira) e R$ 120 (meia) Plateia baixa: R$ 260 (inteira) e R$ 130 (meia)
Canais de venda oficiais: bilheteria do teatro (terça a sábado, das 12h às 21h, e domingos e feriados, das 14h às 20h) e site Ingresso Rápido (www.ingressorapido.com.br)
* Meia-entrada válida para maiores de 60 anos, estudantes e assinantes do Jornal do Commercio.

ORQUESTRA DOS BRINQUEDOS DE LISBOA

Em turnê pelo Brasil, o timbre cômico dos brinquedos vem encantando os mais diferentes públicos

Em turnê pelo Brasil, o timbre cômico dos brinquedos vem encantando os mais diferentes públicos

Com instrumentos inusitados e uma expressão musical impressionante, a Orquestra dos Brinquedos de Lisboa faz sua primeira turnê pelo Brasil com uma agenda de mais de 20 concertos. No Recife tem sessão neste dia 7 de setembro, no Teatro de Santa Isabel, às 18h30. A orquestra apresenta um espetáculo colorido e divertido, que resgata a música erudita de forma lúdica e cômica. O concerto tem duração prevista de 1h20 e é dividido em duas partes. Na primeira, os músicos exploram repertório para percussão corporal, no qual utilizam copos e tubos de plástico e outros materiais surpreendentes. A segunda parte, satírica, são utilizados instrumentos de plástico e brinquedos, numa viagem pela história da música tonal.
Espetáculo da Orquestra dos Brinquedos de Lisboa
Onde: Teatro de Santa Isabel (Praça da República, s/n, Santo Antônio)
Quando: 7 e 8 de setembro, às 18h30
Ingressos: R$ 60 e R$ 30 (meia) À venda na bilheteria do teatro
Contato: (81) 3355-3322
Site: ACESSE

CAROS OUVINTES

Caros Ouvintes. Foto: Priscila Prade

Caros Ouvintes. Foto: Priscila Prade

A comédia resgata o final da era do rádio e o início do domínio da TV nos lares brasileiros, visto sob o olhar dos atores que faziam sucesso nas radionovelas. Com texto e direção de Otávio Martins, Caros Ouvintes, revela os bastidores: Vicente (Marcos Damigo), o produtor da radionovela, mantém com a atriz Conceição (Natállia Rodrigues) um caso amoroso que entra em colapso quando ela é chamada para estrelar uma telenovela. Mas Vicente conta com a absoluta lealdade e profissionalismo do sonoplasta Eurico Boavista (Oscar Filho) e do locutor Wilson Nelson (Ivo Müller). As apresentações ocorrem no Teatro Luiz Mendonça, no Parque Dona Lindu, nos dias 9, 10 e 11 de setembro.
CAROS OUVINTES
Onde: Teatro Luiz Mendonça (576 lugares) – Parque Dona Lindu (Av. Boa Viagem, s/n, Boa Viagem, Recife)
Bilheteria: De segunda à sexta-feira, das 9h às 17h
Ingresso: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia)
Vendas: www.compreingresso.com / Refazenda (Shopping Recife)
Quando: 9, 10 e 11 de setembro, sexta e sábado, às 21h e domingo, às 19h.
Duração: 90 minutos
Recomendação: 12 anos
Gênero: comédia
Informações: 3355-9821 / 3355-9823 / 9822

EM CARTAZ 

HISTÓRIAS BORDADAS EM MIM

Agrinez Melo. Foto: Reprodução da internet

Agrinez Melo. Foto: Reprodução da internet

Primeiro solo da atriz Agrinez Melo, Histórias Bordadas Em Mim, abarca histórias reais e vivências com a costura e com a vida. São depoimentos pessoais que traçam a dramaturgia, que resgata momentos de infância e da tempos recentes.
Quando: De 19 de agosto a 26 de setembro, sextas, às 20h 
Onde: Espaço O Poste (Rua da Aurora, 529, Boa Vista)
Ingresso: R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada)
Informações: (81) 98768-5804 / (81) 99505-4201

 OSSOS

André Brasileiro e Daniel Barros em Ossos. Foto: Divulgação

O amor moveu Heleno de Gusmão para o exílio e lá ele encontrou o prazer fortuito, o sucesso e a morte. O espetáculo Ossos explora essa viagem do protagonista as suas lembranças e origens, a pretexto de entregar os restos mortais do seu amante aos familiares, em Sertânia, no interior de Pernambuco. A montagem do Coletivo Angu de Teatro faz uma curta temporada no Teatro Barreto Júnior. Um coro de Urubus pontua os fatos embaralhados entre passado e presente. A peça tem dramaturgia de Marcelino e direção de Marcondes Lima. A montagem é patrocinada pelo prêmio Myriam Muniz da FUNARTE – Ministério da Cultura – Governo Federal. Com Arilson Lopes, Ivo Barreto, André Brasileiro, Marcondes Lima, Daniel Barros e Robério Lucado. A trilha sonora é assinada por Juliano Holanda.
Quando: de 19/08 a 25/09, sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 19h30
Onde: Teatro Barreto Júnior
Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada)
Vendas online pelo site: http://vendas.ne10ingressos.com.br

DANÇA

CARA DA MÃE

As bailarinas Ana Luiza Bione (ao centro), Janaína Gomes (à esq.) e Íris Campos. Foto: Camila Sérgio/ Divulgação

As bailarinas Ana Luiza Bione (ao centro), Janaína Gomes (à esq.) e Íris Campos. Foto: Camila Sérgio/ Divulgação

Cara da Mãe é uma experiência poética em dança inspirada em jornadas do feminino, especificamente, na compreensão do universo da maternidade, com suas inquietudes e conquistas no mundo contemporâneo. Nasceu de uma ânsia pessoal e artística das bailarinas-criadoras Ana Luiza Bione, Íris Campos e Janaina Gomes que tiveram a ideia de condensar as vivências e indagações de mães numa proposta em dança. E para isso contaram com a orientação de Luciana Lyra, que dirigiu o espetáculo. O projeto de manutenção de temporada conta com incentivo do FUNCULTURA – Fundo de Incentivo à Cultura do Estado de Pernambuco.
Onde: Espaço Experimental (Rua Tomazina ,199 – Recife Antigo)
Quando: 10* e 11*, 17 e 18 de setembro, 01* e 02* de outubro, às 19h (* As apresentações com audiodescrição acontecerão nos dias 10 e 11 de setembro e nos dias 01 e 02 de outubro)
Ingresso: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)
Mais informações: (81)3224.1482

                              INFANTIL

AQUI, ONDE NOS ENCONTRAMOS

É preciso ficar atento às surpresas que estão por vir e se permitir viver aventuras com os novos amigos

É preciso ficar atento às surpresas que estão por vir e se permitir viver aventuras com os novos amigos

Com o Grupo Teatral Jovem em Cena, do Sesc Santo Amaro, Aqui, onde nos encontramos  sinaliza que existe um lugar de vida, sonhos, desafios, magia e fantasia a partir da trajetória de Kaline, Radijalson e Renata. Enquanto eles buscam um abrigo seguro para se protegerem do caos que está o mundo, acabam encontrando personagens de outras histórias. O elenco é composto por 17 atores. O texto é de Luiz Felipe Botelho e direção de Flávio Santos. A trilha sonora e a sonoplastia da peça são assinadas por Demétrio Rangel. Entra em cartaz no Teatro Marco Camarotti no próximo domingo, 11, e prossegue nos dias 17, 18, 24 e 25 de setembro e nos dias 1º e 2 de outubro, às 16h.
Onde: Teatro Marco Camarotti Sesc Santo Amaro (Rua 13 de Maio, 455)
Quando: 17, 18, 24 e 25 de setembro e nos dias 1º e 2 de outubro, sempre às 16h
Ingressos: 1kg de alimento não perecível
Texto: Luiz Felipe Botelho
Direção: Flávio Santos
Elenco: Raissa Lemos (Renata), Sandy Sena (Kaline) e Thiago Augusto (Radijalson)

VENTO FORTE PARA ÁGUA E SABÃO

Segunda montagem da Fiandeiro para o público mirim. Foto: Divulgação

Segunda montagem da Fiandeiro para o público mirim. Foto: Divulgação

Musical mostra a incrível amizade entre uma bolha de sabão chamada Bolonhesa e Arlindo, uma rajada de vento. Os riscos são grandes, mas as recompensas também. É a segunda montagem da Companhia Fiandeiros dedicada ao público infanto-juvenil. O texto é de Giordano Castro, do grupo Magiluth e de Amanda Torres.
Onde:: Teatro Barreto Júnior (Rua Estudante Jeremias Bastos, s/n, Pina).
Quando: De 20 de agosto a 25 de setembro, Sábados e domingos, às 16h30.
Ingresso: R$ 20 e R$ 10 (meia).
Informações: 3355-6398.

CÚMPLICES DE UM RESGATE

Novela infantil. Foto divulgação

Novela infantil. Foto divulgação

A novela para crianças e adolescentes Cúmplices de um resgate virou musical e está circulando pelo país com músicas do folhetim entremeada por cenas escolhidas..
Quando: 11 de setembro, domingo, às 17h.
Ingresso: R$ 135 e R$ 65,50 (meia) para a plateia especial, R$ 113 e R$ 56,50 (meia) para a plateia normal e R$ 93 e R$ 43.50 (meia) para o balcão.
Informações: 3182-8020.

BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS

Peça fala do valor da amizade. Foto Divulgação

Peça fala do valor da amizade. Foto Divulgação

A amizade no universo infantil é o tema do espetáculo “Brinquedos e Brincadeiras com o Palhaço Chocolate”, em cartaz no Teatro Boa Vista. A montagem mostra as brincadeiras de cinco crianças que discutem assuntos e sonhos do universo infantil, num cenário com referências lúdicas de uma cidade, com músicas autorais e cantigas conhecidas de domínio público. As coreografias, de Jennyfer Caldas. A direção cênica é de Jorge Féo, que também é autor do texto junto com Rosa Félix. O figurino colorido, é assinado por Jorge Féo e Henrique Celibi, inspirado nos looks adolescentes de certa região do
Serviço
Brinquedos e Brincadeiras, com Palhaço Chocolate
Quando: Dom às 10h
Onde: Teatro Boa Vista (Rua Dom Bosco, 551, Boa Vista, Recife)
Ingressos: R$ 40 e R$ 20
Contato: (81) 2129.5961
Direção: Jorge Féo
Elenco: Gabriela Melo, Gabriela Amarela, Beatriz Cavalcanti, Ítalo Lima e Tarcísio Vieira, e dos bailarinos Henrique Braz, Alessandra Santos, Ariane Gomes, Eddy Barbosa, Jares Santos e Jorge Kildery
Site: ACESSE

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No zigue-zague do Frevo

Studio Viegas de dança promove circulação de projeto aprovado pelo Funcultura apresentações e oficinas gratuitas

Studio Viegas promove circulação de projeto aprovado pelo Funcultura com apresentações e oficinas gratuitas

O projeto itinerante Entre Passos e Sombrinhas, desenvolvido pelo Studio Viegas se embrenha por cidades pernambucanas para enaltecer o Frevo. A estrela do programa é esse elemento que nas mãos hábeis do bailarino enriquece a dança. Serão apresentações e oficinas gratuitas para as cidades de Serra Talhada, Gravatá, Moreno, Recife e Olinda.

Neste feriado do dia 7 de setembro, quarta-feira, ocorre a primeira parada do grupo, em Serra Talhada, com o espetáculo no Palco de Cultura Popular, às 20h e curso gratuito com duração de duas horas na Fundação Cultural Cabras de Lampião, às 14h.

Já no domingo (11) o grupo dá o seu show de dança em Olinda, no Clube Carnavalesco Vassourinhas, às 15h. O projeto do diretor Júnior Viegas é incentivado pelo edital do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura – Funcultura-PE.

A peça coreográfica, assinada por Bhrunno Henryque, vai mostrar várias opções de movimentação com a sombrinha, artefato que acompanha o passista desde os primeiros registros do Frevo. O trabalho conta com a participação de 10 bailarinos que ressaltam o corpo do próprio passista, visto como descendente da capoeira, e suas tensões em cena.

A produção avisa que não é preciso ter experiência para participar das oficinas e as inscrições devem ser feitas diretamente nas instituições onde as práticas serão ministradas.

Serviço
Entre Passos e Sombrinhas
Quando: Quarta-feira, 7 de setembro de 2016
Serra Talhada
Espetáculo: Palco Cultura Popular – Praça Sérgio Magalhães | 20h
Oficina: Fundação Cultural Cabras de Lampião | 14h
Informações sobre inscrições: www.cabrasdelampiao.com.br

Quando: Domingo, 11 de setembro de 2016
Olinda
Espetáculo: Clube Carnavalesco Vassourinhas | 15h
Informações sobre Oficina: 81 9.9733-1866

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Pernambucanos atuam em festival português

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Angelicus Prostitutus é encenado pelo grupo Matraca, e tem direção de Rudimar Constâncio. Foto: Ivana Moura

Uma peça com raízes no teatro medieval, principalmente nas comédias de François Rabelais (1494-1553), misturando metateatro, farsa, comédia dell’art, máscara, circo, música e comédia bufo para tratar de prostituição além do aspecto sexual. O desentendimento entre duas comadres, quase irmãs, quando um bonito forasteiro chega à cidade e ambas querem fisgar um marido. Um personagem andarilho saído dos cordéis populares, transbordando de humor nordestino, e cheio de truques e trapaças para conquistar uma princesa. São algumas das histórias que participam do repertório de peças do ENTREtanto MIT Valongo – Mostra Internacional de Teatro, que ocorre de 6 a 11 de setembro, no Fórum Cultural de Ermesinde, em Portugal.

Coorganizada desde 1998 pelo ENTREtanto TEATRO e pela Câmara Municipal de Valongo, a mostra deste ano acolhe as montagens pernambucanas Angelicus Prostitutus, com texto de Hamilton Saraiva, dirigida por Rudimar Constâncio e encenada pelo grupo Matraca, do Sesc Piedade; Brincadeiras de Bonecos, com a Trupe Mulungu; Sebastiana e Severina, do Teatro Kamikaze, com texto e dramaturgia original de André Neves e adaptação dramatúrgica e encenação de Claudio Lira; Trupizupe, o Raio da Silibrina, da Mambembe Produções Artísticas e direção de Carlos Lira, criação e interpretação de Bernard Massuir e texto de Bráulio Tavares. Além do Café-Concerto para Infância Vamos Brincar de Música, com Demétrio Rangel.

A MIT incorpora exibição de e peças para adultos e crianças, café-teatro, café-concerto, espetáculo de rua e intercâmbio. Um cortejo cultural festeja a parceria entre Portugal e Brasil , com o pessoal do ENTREtanto, Associação Os Filhos da Pauta, o grupo Batnapel, e os convidados brasileiros.

Ator, diretor, dramaturgo e produtor Júnior Samaio, radicado em Portugal. Foto: Celso Rocha

Ator, diretor, dramaturgo e produtor Júnior Sampaio, radicado em Portugal. Foto: Celso Rocha

Júnior Sampaio corre do rigoroso inverno europeu e em dezembro está sempre pelo Recife, ou por Salgueiro, sua terra natal no Sertão Pernambucano. Coincide com a época do Natal e Ano, tempo, de estreitar os laços com a família e os mais queridos. E no primeiro mês do ano o ator / diretor /dramaturgo acompanha o Janeiro de Grandes Espetáculos e da programação de artes cênicas garimpa montagens para o seu festival.

Desde 1999 que ENTREtanto e Sampaio apostam na valorização cênica de Valongo e área metropolitana do Porto. Além disso, desenvolve parcerias com artistas do teatro pernambucano, coproduções e intercâmbios culturais. Nesse sentido, já homenageou a atriz pernambucana Geninha da Rosa Borges na 2ª Mostra Internacional de Teatro – Portugal. Outros pisaram na MIT de Valongo nas outras edições como João Denys, Gilberto Brito, Irandir Santos, Arilson Lopes, Pedro Oliveira, Carlos Carvalho, Quiercles Santana, Vivi Madureira, Soraya Silva, Fabiana Pirro, Asaias Lira, Augusta Ferraz, Severino Florêncio, Andréa Rosa, Andréa Veruska, Iara Campos, Jorge de Paula, Tatto Medinni e Marcelo Oliveira. Além de grupos e produtores como a Remo Produções Artísticas, Trupe Ensaia Aqui e Acolá, Parcas Sertanejas, Duas Companhias, N’Útero de Criação, Unaluna, Grupo da Quinta e Teatro Casa.

PROGRAMAÇÃO

6, 7 e 8 de Setembro 20h30 Encontro de Artistas Portugueses e Brasileiros
Histórias – Portugal x Brasil
ENTREtanto Teatro (PT), Associação Os Filhos da Pauta (PT), Matraca Grupo de Teatro (BR), Teatro Kamikaze (BR), Mambembe Produções Artísticas (BR) e Trupe Mulungu (BR)
Duração: 3h – Reservado aos artistas

07 e 08 de Setembro 19h Teatro de Rua – Espetáculo de Divulgação MIT 2016
(Junto à estação da CP – Ermesinde)
Brincadeiras de Bonecos – Trupe Mulungu / Brasil
Duração: 30min // Classificação etária: Todas as idades

9 de Setembro 21h15 Abertura Oficial (Parque Urbano de Ermesinde)
Cortejo Cultural: Histórias – Portugal x Brasil
ENTREtanto Teatro (PT), Associação Os Filhos da Pauta (PT), Matraca Grupo de Teatro (BR), Teatro Kamikaze (BR), Mambembe Produções Artísticas (BR) e Trupe Mulungu (BR)
Duração: 20min // Classificação etária: Todas as idades

9 de Setembro 21h45 Teatro
O Churrasco – ENTREtanto Teatro / Portugal
Duração: 50min // Classificação etária: M/12

10 de Setembro 17h Café-Concerto para a Infância
Vamos Brincar de Música – Demétrio Rangel / Brasil
Duração: 1h // Classificação etária: M/3

10 de Setembro 21h45 Teatro
Sebastiana e Severina – Teatro Kamikaze / Brasil
Duração: 1h // Classificação etária: M/6

10 de Setembro 23h15 Café-Teatro
Trupizupe, O Raio da Silibrina – Mambembe Produções Artísticas / Brasil
Duração: 45min // Classificação etária: M/14

11 de Setembro 21h45 Teatro
Angelicus Prostitutos – Matraca Grupo de Teatro / Brasil
Duração: 1h15min // Classificação etária: M/14

7 e 8 SET 19h Teatro de Rua
Espetáculo de Divulgação MIT 2016

SINOPSES DOS ESPETÁCULOS

BRINCADEIRAS DE BONECOS  – Trupe Mulungu / Brasil
Com quadros independentes e com ausência de texto, o espetáculo é recheado por música, Gramelô, onomatopeias e outros sons de brincadeiras, que narram as histórias de relação do poder, onde o maior se impõe ao menor e como a relação de amizade pode transformar esse convívio.
Atores manipuladores: Célia Regina, Edes di Oliveira
Produção: Trupe Mulungu
Roteiro: Marcelo de Souza, Pedro Dias, Janice Pezotte, Célia Regina e Edes di Oliveira
Sonoplastia: Célia Regina, Edes di Oliveira
Confecção dos Bonecos: Trupe Mulungu
Direção Geral: Célia Regina e Edes di Oliveira
Duração: 30min
Classificação etária: Todas as idades

9 SET 21h15 Abertura Oficial
CORTEJO CULTURAL: HISTÓRIAS – PORTUGAL X BRASIL
ENTREtanto Teatro / Portugal, Associação Os Filhos da Pauta / Portugal, Matraca Grupo de Teatro / Brasil, Teatro Kamikaze / Brasil, Mambembe Produções Artísticas / Brasil e Trupe Mulungu / Brasil.
Cortejo Cultural no Parque Urbano de Ermesinde celebra esse intercâmbio entre os dois países envolvidos na mostra. Este cortejo, Histórias – Portugal x Brasil, é o resultado do Encontro de Artistas portugueses e brasileiros, orientado pelo diretor artístico do ENTREtanto TEATRO, Júnior Sampaio.
Coordenação: Júnior Sampaio
Participantes: Alunos das formações do ENTREtanto Teatro, Batnapel e os artistas convidados da Mostra Internacional de Valongo 2016.

9 SET 21h45 Teatro
O CHURRASCO – ENTREtanto Teatro / Portugal
A peça narra a vida de um churrasqueiro, humano, filho do cornudo com a vaca, leitor, possuidor de dois “eu” e um Encosto (espírito maquiavélico que o persegue desde Adão e Eva), com sonho de ser… e a realidade de fazer churrasco.
Batizado de Auxivites (Auschwitz), após arrotar no seio esquerdo da sua mãe, carrega o seu próprio nome como Cristo carregou a cruz.
Esse estranho churrasqueiro, aguarda, sempre a lutar com o seu “anjo da guarda”, a chegada da carne como as personagens de Samuel Becket esperam a chegada de Godot.
O mundo tem fome! O povo quer carne! Onde está a carne? Vem carne!
Texto, Encenação e Vivência Cénica: Júnior Sampaio
Supervisão Cénica, Cenografia e Pintura Cenográfica: Leonardo Brício
Desenho de Luz: Leonardo Brício e Júnior Sampaio
Músicas: Júnior Sampaio
Produção: ENTREtanto TEATRO
Duração: 50 minutos
Classificação Etária: M/12

10 SET 17h Café-Concerto para Infância
VAMOS BRINCAR DE MÚSICA – Demétrio Rangel / Brasil
O show musical que narra sonhos contados e cantados. Ele é um mambembe que vai de cidade em cidade com suas cantorias. Forma o trem das histórias com crianças da plateia. Dentro de uma roda; convida as crianças para participarem das músicas, doteatrinho, da brincadeira das notas musicais e a dança da estátua. Na segunda parte canta o safári, conta uma historinha do sapo Berêre e canta cantigas de roda.
Criações e Pesquisas: Demétrio Rangel
Voz e Violão: Demétrio Rangel
Duração: 1h
Classificação etária: M/3

10 SET 21h45 Teatro
SEBASTIANA E SEVERINA – Teatro Kamikaze / Brasil

A peça Sebastiana e Severina participa do festival de Valongo, em Portugal. foto: Divulgação

Célia Regina e Zuleika Ferreira estão na peça Sebastiana e Severina .

O tempo havia passado para as duas rendeiras de SEBASTIANA E SEVERINA, , que já não ostentam a beleza da juventude. Mas ainda acalentam o sonho de encontrar “um príncipe encantado” para casar. O forasteiro Chico desperta o interesse das moças que disputam a atenção do homem.
Este espetáculo busca a poesia dos antigos moradores das cidades do interior, os hábitos e costumes de velhas mulheres rendeiras, a alegria do mamulengo e das figuras do Cavalo-Marinho, a festa viva e pulsante da narrativa oral e da cultura popular do nordeste brasileiro com os seus jogos de roda, brincadeiras de rua e contadores de histórias.
Texto e Dramaturgia Original: André Neves
Adaptação Dramatúrgica e Encenação: Claudio Lira
Interpretação: Zuleica Ferreira, Célia Regina, Luis Manuel e Demétrio Rangel
Iluminação: Játhyles Miranda
Direção Musical e Preparação Vocal (canto): Demétrio Rangel
Direção de Arte: Marcondes Lima
Preparação Corporal: Quiercles Santana
Trabalho de Alongamento: Zuleika Ferreira
Produção: Claudio Lira (Teatro Kamikaze)
Duração: 60min
Classificação etária: M/6

10 SET 23h15 Café-Teatro
TRUPIZUPE, O RAIO DA SILIBRINA – Mambembe Produções Artísticas / Brasil
Os cordéis populares e personagens do humor nordestino são homenageados no compacto deste texto, escrito por Bráulio Tavares, que narra a história do andarilho Trupizupe, tocador de ganzá que ao chegar a um reino corrupto, faz-se passar por um nobre e é preso. Na cadeia ele conhece um atrapalhado ladrão e descobre que a princesa Genoveva lança adivinhações para os nobres da corte. Quem conseguir o feito ganha a sua mão em casamento.
Criação e Interpretação: Bernard Massuir
Texto: Bráulio Tavares
Direção: Carlos Lira
Interpretação: Luciana Lemos, Gabriel Fernandes, Carlos Lira, Douglas Duan, Marinho Falcão, Célia Regina, Marcelino Dias, Maurício Azevedo, Lucrécia Forcioni, Bruna Bastos, Rudimar Constâncio, Edes di Oliveira, Gabriel Conolly
Direção musical: Walmir Chagas
Operação de som: Elias Vilar
Produção: Mambembe Produções Artísticas
Duração: 45min
Classificação etária: M/14

11 SET 21h45 Teatro
ANGELICUS PROSTITUTUS – Matraca Grupo de Teatro / Brasil

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Os atores Carlos Lira e Marcelino Dias participam da montagem Angelicus. Foto: Ivana Moura

O espetáculo Angelicus Prostitutus, texto de Hamilton Saraiva, realização do Grupo Matraca do SESC Piedade, leva à cena a tradição do cômico, ao mesmo tempo em que rompe com essa tradição. Tendo como tema a prostituição, a obra aposta que há várias maneiras de prostituir-se, seja através do território sexual – o mais convencional – ou outras maneiras impostas pelos aparelhos ideológicos, como a igreja, a família, o estado ou a polícia. Aqui, a prostituição, através do anti-herói Angelicus, que acabará sendo julgado pelos seus pecados junto às divindades celestiais, como numa moralidade medieval, encarna várias facetas abordando aspectos destrutivos dos desejos humanos num tom de comédia buffo, sem esquecer do metateatro, da farsa, da commedia dell’arte, da máscara, do circo e da música ao vivo.
Texto: Hamilton Saraiva
Encenação: Rudimar Constâncio
Interpretação: Marcelino Dias, Carlos Lira, Célia Regina, Douglas Duan, Lucrécia Forcioni, Bruna Bastos, Luciana Lemos, Luiz Gutemberg, Marinho Falcão, Maurício Azevedo, Gabriela Fernandes e Gabriel Conolly
Direção musical, músicas e arranjos: Demétrio Rangel e Douglas Duan
Iluminação e confecção de materiais de luz: Luciana Raposo
Preparação corporal e coreografias: Saulo Uchôa
Preparação da voz para a cena: Leila Freitas
Preparação da voz para o canto: Douglas Duan
Preparação circense: Bóris Trindade Júnior
Preparação percussiva: Charly Du Q
Direção de produção: Ana Júlia da Silva
Produção executiva: Lucrécia Forcioni
Duração: 1h15min
Classificação etária: M/14

Ficha Artística e Técnica do MIT
ENTREtanto MIT Valongo – XIX Mostra Internacional de Teatro – 2016
Organização: ENTREtanto TEATRO e Câmara Municipal de Valongo
Programação: Júnior Sampaio
Direção Técnica: Wilma Moutinho
Técnicos de Luz: Alex Candeias, Luís Ribeiro e André Rabaça
Técnico de Som: Paulo Oliveira (CMV)
Montagem/Apoio: Pedro Oliveira
Designer Gráfico: Gabinete de Comunicação (CMV)
Produção Executiva: Tânia Seixas
Voluntários: Andreia Lopes, Catarina Vaz, Daniel Marques, Dori Roque, Emília Lemos, Etelvina Baltazar, Flávio Costa, Inês Ferreira, Inês Pereira, Joana Pereira, João Catarino, Karllana Carvalho, Laura Avelar Ferreira, Lídia Rodrigues, Manuel Santos, Margarida Silva, Maria de Fátima Nunes, Nuno Guimarães, Paulo Emílio, Paulo Kanuko, Rosa Marujo, Rui Armada, Sandra Paiva, Sérgio Sousa, Vítor Barbosa, Vítor Russo.
Apoio: Quinta das Arcas e Teatro Art’Imagem
Produção: ENTREtanto TEATRO


Informações

www.cm-valongo.pt
facebook.com/entretantoteatro

Informações e Reservas
(+351) 960 191 056
entretantoproducao@gmail.com

Bilhetes
Teatro: 2€
Café-Teatro: 1€
Café-Concerto Infância: 1€
Free Pass (Todos os espetáculos): 5€ (o portador não necessita de aguardar na fila da bilheteira)

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Puro Lixo diz até já

Stella Maris Saldanha na cena de plateia. Foto: Ana Araujo /Divulgação

Stella Maris Saldanha em cena de plateia. Foto: Ana Araujo /Divulgação

O espetáculo Puro Lixo, O Espetáculo Mais Vibrante da Cidade encerra sua primeira temporada no Teatro Hermilo Borba Filho, no Recife Antigo, neste domingo, com duas sessões: uma às 18h e outra às 20h. A peça estreou em 13 de agosto, com casa lotada em todas as apresentações, no teatro configurado para ter capacidade média de 90 espectadores. Cerca de mil pessoas foram conferir à montagem. Mas a peça se expande para além do palco. Campanhas eficientes nas redes sociais dão conta de iluminar teoricamente alguns aspectos da encenação, com o reforço dos ensaios que constam no programa e outras escrituras. Ficamos gratos com tanta generosidade intelectual. E garanto, isso não é uma ironia.

Algumas vivecas que foram à estreia comentaram que naquela noite não se sentiram identificadas com a cena, com o luxo e riqueza, com a calculada frieza da montagem. Mas o teatro alimenta esse caráter efêmero, mas dinâmico: cada sessão é única. E cada leitura depende tanto do dia de quem a recebe, das suas subjetividades e circunstâncias. Portanto… cada obra é singular na construção pelo espectador.

Clima de cabaré. Foto: Ana Aragão

Clima de cabaré. Foto: Ana Araujo

Montagem encerra o ciclo de investigação cultural, Transgressão em 3 Atos, voltada aos grupos teatrais pernambucanos Teatro Popular do Nordeste (TPN), Teatro Hermilo Borba Filho (THBF) e Vivencial. O trabalho foi desenvolvido em coautoria com Alexandre Figueirôa, Claudio Bezerra e Stella Maris Saldanha e publicada no livro Transgressão em 3 Atos – nos abismos do Vivencial, pela Prefeitura do Recife/Fundação de Cultura Cidade do Recife, em 2011.

Também foram erguidos os espeáculos Os fuzis da Sra. Carrar, de Bertolt Brecht, e O auto do salão do automóvel, de Osman Lins, em celebração ao Teatro Hermilo Borba Filho (THBF) e ao Teatro Popular do Nordeste (TPN), respectivamente.

A herança do Grupo de Teatro Vivencial, coletivo pernambucano que causou furor em Olinda/Recife entre 1974 a 1982  aportou em Puro Lixo, O Espetáculo Mais Vibrante da Cidade. O texto é assinado por Luís Augusto Reis, inspirado no artigo Vivencial Diversiones Apresenta: Frangos Falando para o Mundo, de João Silvério Trevisan, publicado no Lampião da Esquina (Rio de Janeiro, ano 2, n. 18, p. 15, nov. 1979). E tem direção de Antonio Edson Cadengue.

Os figurinos são de Manoel Carlos. Foto: Ana Araujo

O figurino, assinado por Manoel Carlos investe na criatividade dentro do universo manufaturado. Materiais novos, em combinação de cores, tecidos, apelo visual e praticidade na troca de artigo de roupa dos atores. As fotografias de Ana Araujo- que essas sim ficam para interpretações futuras -, são imagens de relevância estética. Na composição, na tonalidade, na apreensão de minúcias dramaticamente teatrais, na parcela de humanidade da valorização do teatro.

No elenco homens lindos: Eduardo Filho, Gil Paz, Marinho Falcão, Paulo Castelo Branco, Samuel Lira. Que se fazem de macho, que se fazem de fêmea, que se fazem de trans. Eles se inventam e transitam entre papeis. De salto alto, eles deslizam pelo palco melhor do que muitas mulheres. Desfilam entre o glamour, o protesto, o deboche, a crítica de tudo isso.

Sabemos que não é fácil andar naquelas plataformas (quase diria pernas de pau). Tem gente que disse que comeria todos eles, numa referência à derradeira canção do espetáculo. Uma música no encalço do corrosivo, que brinca com ação de tributo aos transgressores do passado/presente deitando-os também como objeto de consumo. Do espelho do camarim até o público vira simulacro de si mesmo.  E os atores denunciam cultura na cadeia de produção em série; nem sempre são bem compreendidos.

Ator Gil . Foto: Ana Aragão

Ator Gil Paz no trecho da canção Meu Guri. Foto: Ana Araujo

O ator Gil Paz festeja Elza Soares com o trecho da canção de Chico Buarque Meu Guri . Está estreitamento vinculado à outra cena de exaltação da negritude plasmada contra o preconceito na passagem “seja herói, seja marginal. E a do Meu Sobrado no seu Mocambo, que expõe feridas atávicas do passado escravocrata.

Soube que a montagem esquentou. O elenco se apropriou dos espaços reais do teatro e fictícios da peça. Stella Maris Saldanha representa as mulheres do Vivencial. Representa as deusas daquele teatro debochado feito de sucata e brilhos tirados da alma.

Com uma elegância que a caracteriza Stella dá pinta do seu jeito, dá bronca, canta, erotiza o humor.  É uma interpretação apolínea. Mesmo que estivesse blasfemando ou dizendo todos os palavrões acho que manteria essa postura altiva/contida. Isso não é bom nem ruim. Eu aplaudo a elegância de Stella. Acho bonito. Nos Fuzis, no Automóvel, em Puro lixo.

“Nem anjos nem demônios, os atores de Puro Lixo, o Espetáculo Mais Vibrante da Cidade, têm no corpo e na alma os riscos próprios a esse ofício que exige conhecimento de si e do outro”, escreveu o encenador Cadengue nas redes sociais.

Que Puro lixo volte logo para uma próxima empreitada.

Marinho Falcão na cena de As Criadas. Foto: Ana Aragão

Marinho Falcão na cena de As Criadas. Foto: Ana Araujo

Essa entrevista com Stella Maris Saldanha foi feita nas horas tensas que antecederam à estreia. Por troca de mensagens. Outros textos foram postados. Faltava esse.

Sobre Puro Lixo, o Espetáculo Mais Vibrante da Cidade nós publicamos Uma festa para o Vivencial, no dia 11 de agosto de 2016.

Desbunde, transgressão e poesia do Vivencial, no dia 13 de agosto de 2016.

“A liberdade era vivida na imediatez daqueles tempos”, uma entrevista com o encenador Antonio Edson Cadengue, publicada em 15 de agosto de 2016.

As nervuras do luxo, crítica ao espetáculo publicada no dia 28 de agosto de 2016, mas que parece que ninguém gostou.

E viva o teatro!

Entrevista: Stella Maris Saldanha

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Stella Maris Saldanha. Reprodução do Facebook

“Não adianta fazer ou assistir teatro sem considerarmos as características do tempo em que vivemos. O teatro é o reflexo das realidades de uma época e não um fenômeno isolado cujas dificuldades sejam exclusivamente suas, mas de todo um processo criativo em crise.” Gostaria que você comentasse.

Sim, o teatro é filho do seu tempo, pois dialoga com o que lhe é contemporâneo. Mesmo fazendo uma viagem temporal, quer dramatúrgica, quer de linguagem, o tempo presente, como dizia o poeta, é sua matéria. Vejamos o caso do projeto Transgressão em 3 Atos, que rememora o Teatro Popular do Nordeste (TPN), o Teatro Hermilo Borba Filho (THBF) e o Vivencial. Trazê-los à cena atual, entre outras coisas, se justifica porque na sua contemporaneidade, ou seja, no momento em que atuavam, falavam do seu próprio tempo estando em desacordo com ele. Aliás, esta é a chave da contemporaneidade: o desacordo, porque ele propõe o alargamento contínuo de fronteiras.

Quando levamos ao palco as três montagens do projeto – Os fuzis da senhora Carrar (2010), Auto do salão do automóvel (2012) e agora Puro lixo, o espetáculo mais vibrante da cidade – não estamos apenas apresentando ao público de hoje estética e repertório do passado, mas fazendo ver que aquela história toda tem seus tentáculos no presente que nos incomoda. É disso que se trata. Ou seja; neste caso o que foi de ontem ainda é chama ardente.

Qual a dor e a delícia de cada um dos personagens da trilogia?

Comecemos pela personagem da primeira montagem do projeto, a Senhora Carrar. Bem, eu a havia interpretado aos 18 anos de idade. Uma aposta corajosa de Marcus Siqueira nas minhas possibilidades como atriz. Era, à época, a segunda peça da qual eu participava e a primeira em teatro adulto. Sou imensamente grata a Marcus Siqueira por ter me proposto esse desafio, quase um desatino. Então, voltar à mesma personagem 32 anos depois foi outro presente, e outro desafio. Eu tenho um caso de amor com a Senhora Carrar desde que a interpretei pela primeira vez em 1978. A expressão é esta mesma: um caso de amor.

Em Auto do Salão do automóvel, a delícia foi, primeiro, a estatura literária do texto de Osman Lins e, como falávamos antes, a sua contemporaneidade. É um texto quase profético. Em 1969 Osman Lins já enxergava o esmagamento do humano nos grandes centros urbanos do país, o avanço predatório do capitalismo sobre os espaços públicos. Agora, verdade seja dita, não foi fácil. Dar-me àquela experiência teatral com narrativa literária exigiu certa dose de desconstrução de tudo o que estava posto até ali. Foi um processo criativo em nada indolor.

E agora em Puro Lixo, outra experiência radical. Veja só: aos 18 anos – no momento do desbunde geral, da nudez, da politização do corpo – eu interpretava a Senhora Carrar, uma viúva de pescador lutando para manter os filhos vivos em plena guerra civil espanhola. Agora, aos 56, eu mergulho no universo ruidoso, transbordante e tropicalista do Vivencial, inclusive, com nudez. Parece um desafio invertido, né? Mais uma vez dou-me à vertigem.

Espetáculo Puro Lixo foi escrito a partir da matéria “Vivencial Diversiones apresenta frangos falando para o mundo”, publicada em 1979 por João Silvério Trevisan. Qual a estrutura e abordagem?

O texto de Luís Reis, no meu entendimento, conduz, à perfeição, à proposta primeira do projeto Transgressão em 3 Atos: uma interlocução entre a memória e o contemporâneo. Sim, porque não se trata de reproduzir uma experiência do passado, mas alinhavá-la às inquietações do presente. Usando como referência o que João Silvério Trevisan testemunhou sobre o Vivencial àquela época, Luís fragmenta e intercala lembranças, apelos sociais, irreverência, brincadeiras, ardências, atrevimento. Tudo à moda do Vivencial, mas à luz de reflexão e fruição de hoje.

Outro detalhe sobre o texto é que ele nos foi apresentado como uma obra aberta. Sujeito, portanto, às interferências decorrentes da rotina de ensaios e do processo criativo do grupo. O espetáculo apresentado ao público revela esse texto-processo, amálgama da carne viva do Vivencial de outrora e do testemunho que agora bradamos, com afeto, sobre tudo aquilo existido e existindo. Mas, para além da dramaturgia proposta por Luís Reis, gostaria de dizer ainda que tanto a montagem de Puro lixo, o espetáculo mais vibrante da cidade, como as duas montagens antecedentes do projeto Transgressão em 3 Atos, não representam um testemunho saudosista. Aos desavisados de plantão informo que tanto o Vivencial, como o Teatro Hermilo Borba Filho (THBF) e o Teatro Popular do Nordeste (TPN) foram por nós focados como experiências pertencentes à esfera pública, às quais, à bem da criticidade e da memória, devemos observância. Fico, pois, com as palavras de Eric Hobsbawm em suas reflexões sobre o século XX: “os acontecimentos públicos são parte da textura de nossas vidas”.

Foto: Ana Aragão / Divulgação

Cena final de Puro Lixo.Foto: Ana Araujo / Divulgação

Serviço
Puro lixo, o espetáculo mais vibrante da cidade
Quando: Domingo, dia 4 de setemro, às 18h e 20h
Onde: Teatro Hermilo Borba Filho
Quanto: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00
Indicação: Para maiores de 16 anos

Ficha Técnica
Elenco: Eduardo Filho, Gil Paz, Marinho Falcão, Paulo Castelo Branco, Samuel Lira, Stella Maris Saldanha
Texto: Luís Augusto Reis
Consultoria: João Silvério Trevisan
Encenação: Antonio Cadengue

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