Arquivo mensais:fevereiro 2011

Quer ser ator? Vá estudar!

Está aberta a temporada para as inscrições nos cursos teatrais oferecidos pelas instituições ou grupos da cidade. O Sesc Santa Rita, por exemplo, vai oferecer os módulos I e II do curso de Iniciação ao teatro. As aulas serão dadas por Célia Cardoso até o mês de julho: o primeiro módulo, terças e quintas, das 14h às 17h, e o segundo, segundas e quartas-feiras, das 15h às 18h. A mensalidade custa R$ 48 por mês e a taxa de matrícula é de R$ 5. Comerciários e dependentes pagam metade. Outras informações pelo telefone (81) 3224-7577.

Lá no Muda (Rua do Lima, 280, Santo Amaro), Jorge Féo vai começar as aulas do curso A simplicidade de atuar no dia 16 de março. São seis meses de duração, com aulas segundas e quartas-feiras, das 20h às 22h. Durante o curso, os alunos vão preparar uma montagem que será apresentada no Galpão do próprio espaço. A matrícula é R$ 20 e a mensalidade custa R$ 100. Vocês podem saber mais informações com o próprio Féo (81 8839-4008) ou através do e-mail muda280@gmail.com .

Na Escola de Teatro Fiandeiros, já vai começar a segunda turma. As inscrições estão abertas e seguem até 19 de março. As aulas iniciam no dia 5 de abril. Na grade, disciplinas como história do teatro, interpretação e análise de texto dramático. A mensalidade custa R$ 100 e a inscrições para a seleção R$ 10. As inscrições podem ser feitas quartas, quintas e sextas, das 18h às 21h30, e aos sábados, das 14h às 17h30. Informações: (81) 8694-9234/ 3077-0369.

O Totem, que abriu novo espaço na Avenida Cruz Cabugá, também está com atividades de formação. Mas, nesse caso, são oficinas curtas. Até este sábado, das 15h às 17h, a cantora e atriz paraibana Mayra Montenegro (não vale esquecer o nome da professora, né?! sorry!) está ministrando a oficina O canto do ator, que propõe exercitar a expressão vocal, não apenas ligada ao canto, mas também a linguagem falada e gestual. Também até o sábado, mas das 19h às 22h, o diretor, ator e professor de teatro Robson Haderchpek está fazendo a oficina Treinamento Pré-Expressivo, tomando por base o trabalho de “erradicação de bloqueios”, desenvolvido por Jerzy Grotowski. A prática será desenvolvida a partir dos princípios do treinamento energético e do estudo de elementos técnicos (Pantera, Samurai, Cochi e Jogos com Bastões). Será realizado ainda um experimento com base na codificação corporal de imagens e na ritualização da cena. Para a primeira oficina, o investimento é de R$ 60 e, para a segunda, de R$ 80. As aulas já começaram, mas quem quiser participar, até hoje ainda dá tempo! Informações: (081) 8867-9316 e 3463-3739.

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O maravilhoso mundo encantado de Curitiba

O Festival de Curitiba está completando 20 anos…e pensar que a mostra que, até a edição passada já levou à cidade cerca de 2.800 espetáculos, surgiu da inquietação de dois jovens – Leandro Knopfholz, que tinha 18 anos, e Edson Bueno, 22. Iniciativa, empreendedorismo, persistência. Foi assim que o festival se consolidou e conseguiu arrematar um público estimado em 1,6 milhão de pessoas.

Este ano, entre 29 de março e 10 de abril, a mostra principal do festival traz 31 espetáculos, sendo que oito são estreias. Já no Fringe, mostra paralela que invade todos os espaços curitibanos e causa muita dúvida ao espectador (sim, é tanta coisa pra ver que é mesmo bem difícil escolher!), estão previstos 373 espetáculos.

Para começar esta viagem ao maravilhoso mundo encantado do teatro, os dois espetáculos que mais me deixaram curiosa, com vontade que o mês de fevereiro (e março!) passem bem rapidinho foram Sua Incelença, Ricardo III e Tio Vânia:

Sua Incelença, Ricardo III – Ano passado, a mostra principal do festival não teve um espetáculo sequer do Nordeste! Então, este ano, nada melhor do que uma montagem do Rio Grande do Norte, do grupo Clowns de Shakespeare, para abrir a mostra. A peça estreou no fim do ano passado, sob direção de Gabriel Villela.

Foto: Pablo Pinheiro

Tio Vânia – Nesta incursão pela obra de Tchékhov, o grupo Galpão está sob a direção de Yara de Novaes (eita, ela foi minha professora de história do teatro, lá no primeiro período da faculdade de jornalismo!). Andei lendo um post de Luciana Romagnolli no Travessias Culturais. Uma conversa que ela teve com o ator Eduardo Moreira e ele confirmou que a montagem é sim uma decorrência do documentário Moscou, feito por Eduardo Coutinho com o Galpão, a partir da peça As três irmãs. “É um caminho difícil. O Galpão está, mais uma vez, saindo da sua zona de conforto – ou a mais conhecida, a que domina mais – em busca de uma interpretação realista”, disse Eduardo à Luciana.

Entre as estréias, o festival traz ainda Édipo, com direção de Elias Andreato; Trilhas sonoras de amores perdidos, da Sutil Companhia; Preferiria não?, com Denise Stoklos; Sete Por Dois (musical escrito e estrelado pela dupla Stella Miranda e Tim Rescala) ; Tathyana, da Cia. Déborah Colker; e O Último stand up, dos Satyros. Mas ainda tem muita coisa que já estreou e nós ainda não tivemos a oportunidade de ver, como Ligações perigosas, Anjo negro , Os 39 degraus e O livro, com Eduardo Moscovis, que não foi encenada no Recife no festival de novembro porque a produção não conseguiu um espaço ideal para o espetáculo.

Foto: Maurício Oliveira

Acabei de ver que o o site do Festival já está com a programação completa no ar. Mas é muita coisa no Fringe e não consegui checar se tem pernambucanos na mostra. Sei que o Teatro Experimental de Arte estava se organizando, mas não sei se foi confirmado! Vocês sabem dizer se mais alguém encarou? Bom, para os espectadores, é se perder no site (dá até para fazer uma agenda virtual! tá muito legal!), ver a programação, as sinopses, os dias e fazer as malas!

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Referência em artes plásticas

Não é teatro, mas super vale a pena…Um dos principais críticos e curadores de arte do país está no Recife para o lançamento do livro Montez Magno, que será hoje, a partir das 19h, no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam), na Rua da Aurora. Estou falando de Paulo Herkenhoff, que já foi curador de importantes museus, inclusive do MoMa, e tem vários livros escritos, pelo menos dois deles sobre artistas pernambucanos: um sobre José Patrício e agora sobre Magno, em parceria com Clarissa Diniz, que assina ainda a organização, e Luiz Carlos Monteiro. O lançamento será com debate entre os autores da obra e o artista analisado, um dos principais nomes das artes plásticas pernambucanas, que teve 60 anos de produção revisitados. E, no lançamento, o livro será distribuido gratuitamente.

Aqui segue um trechinho de uma matéria minha que foi publicada hoje no Diario de Pernambuco:

Artista por vocação:

Theodor Adorno, teórico da comunicação, dizia que ´museus são como sepulturas tradicionais de obras de arte, e dão testemunho da neutralização da cultura`. A trajetória do artista pernambucano Montez Magno, de 76 anos, é marcada por muitas questões como essa pontuada por Adorno. Magno entende a arte como vocação e não como carreira. Gosta de citar como exemplos de artistas Morandi e Van Gogh. Diz que estar dentro do seu próprio universo, com seus livros, obras, referências é a forma mais profícua de desenvolver e amadurecer um pensamento sobre arte.

Esse pensamento deixa entrever uma personalidade reclusa, forte, mas sobretudo, crítica. Na década de 1960, por exemplo, diante de um contexto de ditadura militar, ele projetou dois espaços de arquitetura que incitavam a discussão não só sobre a arquitetura propriamente dita, mas sobre a institucionalização do sistema de arte.

Essas obras foram esmiuçadas no artigo do crítico de arte e curador Paulo Herkenhoff que faz parte do livro Montez Magno. O lançamento da obra, que tem outros dois artigos, da também crítica e curadora Clarissa Diniz (ela assina também a organização) e do poeta, crítico literário e ensaísta Luiz Carlos Monteiro, será esta noite, a partir das 19h, com um debate entre os autores do título, no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam), na Rua da Aurora.

Realizado com o apoio do Funcultura, o livro registra os últimos 60 anos de produção de um dos mais significativos artistas de Pernambuco, num formato menos imponente do que os tradicionais livros de arte; mais prático e com uma multiplicidade de olhares crítico sobre a obra.

No livro, Paulo Herkenhoff analisou dois projetos feitos por Magno em 1969, que nunca saíram do papel: O ovo e MMMausoléu. Nessa mesma época, no Rio de Janeiro, onde o pernambucano morava, também trabalhavam artistas como Lygia Clarck, Lygia Pape, Hélio Oiticica e Anna Bella Geiger, que fez exposição recente no Mamam. “Quando o ato institucional nº 5 abriu espaço para a restauração dos suplícios no campo dos embates políticos com a tortura, Montez Magno retrucou com objetos, quadros e diagramas de arquitetura. Sua ironia é propor-se a edificar monumentos às misérias da microfísica do poder”.

Leia a matéria completa aqui.

Ah..só pra complementar a informação: o Paulo é o curador da próxima exposição do artista Rodrigo Braga. A abertura será na quarta-feira, também no Mamam.

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A vida secreta dos objetos

Teatro de objetos para adultos

Você está lendo o jornal enquanto toma café da manhã. Na mesa, xícaras, pratos, talheres. Ou então está na mesa do escritório e lá repousam papeis, lápis, canetas, computador. Tente atiçar a sua criatividade: será que esses objetos podem ter outros usos, que não aqueles habituais? Já pensou que essa xícara pode ser um senhor muito velhinho; o prato um navio; o talher uma árvore falante? No Festival Internacional de Teatro de Objetos (Fito), tudo é possível. Depois de passar por lugares como Belo Horizonte e Manaus, o evento deve aportar no Recife, entre março e abril.

A ideia de criar o festival foi da publicitária Lina Rosa Vieira, diretora e curadora de iniciativas como o Cine Sesi Cultural e o Festival Sesi Bonecos do Brasil e do Mundo. “O espetáculo que me despertou para o teatro de objetos foi o de um grupo que fazia O avarento, de Molière, utilizando torneiras. Aquilo era criativo, inusitado. Depois fui vendo outros e percebendo que essa era uma linguagem específica”.

O Sesi apoiou a ideia, ainda que essa arte ofereça múltiplas possibilidades, inclusive a de criticar a produção de objetos em larga escala. “Mas o Sesi sabe que indústria cultural também é indústria. E a cultura faz parte da responsabilidade social deles”, explica. Lina lembra, por exemplo, de uma ocasião em que o espetáculo Histórias de meia-sola, apresentado com sapatos, do grupo Fernán Cardama, da Argentina, foi exibido numa fábrica de calçados. A montagem traz Aquiles Petruchelli, dono da loja A felicidade dos seus pés. E esse sapateiro mostra que cada sapato tem a sua história. “Lembro dos trabalhadores dizendo que nunca mais iriam olhar para os sapatos da mesma forma”, diz.

Aqui no Recife, o Fito deve ser realizado no Marco Zero, se estendendo provavelmente até um dos Armazéns do porto. Se a proposta e a própria poética do Sesi Bonecos favorecem eventos em praças, ruas, com muitas pessoas, como foi aqui em 2008, o Fito exige uma intimidade maior. É uma experiência de teatro: são quatro salas, com capacidade para 200 pessoas cada, com quatro ou cinco sessões por dia, num total de 20 espetáculos em três dias.

“Para muitas pessoas, é um despertar. Elas não sabem do que se trata e ficam encantadas”, diz a diretora. Talvez até por conta desse ineditismo, uma das ações importantes é a FitoMostra. O grupo XPTO, de São Paulo, faz pequenas performances e depois conversa com os espectadores.

Se 90% da curadoria do festival é feita de espetáculos internacionais, duas companhias de destaque no cenário brasileiro são a XPTO e a Cia. Gente Falante, do Rio Grande do Sul. Ao Recife, a Gente Falante deve trazer Louça Cinderella, que conta a história da Gata Borralheira só com objetos de chá; e Corsários inversos, que usa barracas, fechaduras, binóculos e câmeras. ´É uma questão de radicalizar o olhar sobre as coisas`, comenta Lina Rosa.


Criatividade em ebulição

A imagem de uma bailarina numa caixinha de música. Que rodopia tão bonito, ao som de uma música envolvente, encantando quem tem aquele objeto nas mãos, mas está presa a uma engrenagem determinada. Lina Rosa Vieira usou essa metáfora durante a entrevista que concedeu ao Diario para falar de como enxergava o teatro de marionetes, preso principalmente ao tamanho dos bonecos. Mas essa imagem da bailarina também poderia servir para a própria Lina, quando completou dez anos de carreira. Diretora de criação de uma agência, tinha vários prêmios e sempre buscou aliar a propaganda à informação inteligente. Só que ela podia muito mais: e o que era uma agência de publicidade, agregou também a cultura.

A proximidade com a área já existia. Desde sempre, desde que aprendeu a ler. Mas sabia que, com a publicidade e o empreendedorismo, poderia democratizar e socializar a cultura. Foi o Sesi, instituição que era atendida pela equipe criativa de Lina, que apostou num projeto simples, mas carregado de individualidade e importância: levar o cinema até lugares que não possuíam salas de exibição. ´Não é a experiência de ver um filme em casa, com alguém chamando, o pause. Cinema não é isso`.

E, como ela costuma dizer, o Sertão sempre foi musa inspiradora da sétima arte, mas os sertanejos não tinham acesso àquela arte. ´As salas dos anos 1960, 1970, foram fechadas nos interiores. Juntar pessoas só em comício ou procissão`. E Lina trouxe o cinema, que possibilita um olhar crítico aos outros dois – tanto a política quanto a religião.

O preciosismo da publicitária sempre rendeu bons frutos. Não eram sessões de cinema comuns. ´Se você tem cuidado com 30 segundos de comercial, vai ter cuidado ao criar uma coisa maior. Tem desde o tapete vermelho, a área completamente isolada, a pipoca`. Depois da primeira edição, o Sesi apostou ainda mais na ideia e hoje as sessões já rodou o país.

Depois das telas grandes, o teatro de bonecos. Lina conseguiu algo impensável para a marionete: reunir multidões em praças, espetáculos reproduzidos em telões,1 milhão e 800 mil espectadores Brasil afora. O Sesi Bonecos do Brasil e do Mundo antigiu os mais diversos públicos. ´Em Macapá, por exemplo, eu queria fazer uma apresentação numa comunidade indígena, mas acabei descobrindo que lá não tinha indígena, mas quilombolas, que falam francês, porque estão muito perto da Guiana Francesa`, exemplifica.

Foto: Sergio Schnaider

O Teatro de Objetos deu sequência ao Teatro de Bonecos e o próximo projeto, para 2012, é um ‘nanofestival’. ´Quero trabalhar com sensações, dimensões`, observa. ´Fazer as coisas sem criatividade pode até ser mais fácil, mas não mais prazeroso. Busco os desafios e esta edição do Fito em Recife nos dá um frio na barriga. Queremos que seja ainda mais especial!`. (Matéria minha publicada no Diario de Pernambuco na última sexta-feira, 11 de fevereiro)

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Lançamento de O Fogo da Vida

Pelas imagens dá pra ver o contentamento dos autores.
As fotos deste post são de Denis Freitas Campello e de Juliana Féres.

Um trecho do prefácio de Luzilá Gonçalves Ferreira:

“Eles se haviam encontrado na primavera de 1897. Ela tem então 36 anos – e esse encontro modificará por um tempo a existência de Lou e a marcará pelo resto da vida. Ao sair de um teatro com uma amiga ela é apresentada a um jovem poeta, René Marie Rilke. Rilke tinha 22 anos, já havia publicado alguns poemas e fundara uma revista literária. Diz a Lou que havia lido seu livro Jesus o Judeu e que encontrara nele muita coincidência de ideias. A partir daí Rilke não cessa de assediar Lou com rosas, bilhetes, poemas, telegramas.

Como era de se esperar, Lou se apaixona por Rilke. Era a primeira vez que um homem a interessava fisicamente. E o romance que vão viver durante alguns anos se tornará forte como a viagem que fazem os dois à Rússia. De volta daquele país Lou ensina a seu amago a língua russa (para lhe dar de algum modo uma profissão de tradutor) e muda seu nome para Rainer Maria, achando que René Marie soava feminino demais – uma espécie de batismo simbólico onde ela se apropria da pessoa do amado”.

Fotos: Denis Freitas Campello

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